UNE inicia onda de ocupações no PR e em PE

O movimento estudantil deu início à série de protestos do ''Dia ''Nacional de Mobilização nas Universidades Públicas'', que tem como marco esta quarta-feira (6), organizado pela UNE em conjunto com os Diretórios Acadêmicos (DA’s), Diretório Centrais (DCE’

O objetivo é apoiar, fortalecer e ampliar as diversas manifestações que vem ocorrendo pelo país, principalmente no estado de São Paulo, onde protestos já ganham corpo no interior com greves de estudantes e professores na USP, Unesp, Fatec’s e Unicamp.


 


''Demos início à série de atos, protestos, manifestações e ocupações para pressionar o governo federal a atender as nossas reivindicações. Hoje já começamos com grandes atos. Amanhã vamos dar continuidade ao Dia Nacional de Mobilização'', convoca o presidente da UNE, Gustavo Petta.


 


Paraná


 


Na Universidade Federal do Paraná cerca de 100 estudantes ocuparam pacificamente o prédio da reitoria às 10h. Eles entregaram rosas brancas para os funcionários e pediram para que eles se retirassem até que o protesto termine. O objetivo é manter a ocupação até quarta (6).


 


A pauta dos estudantes tem foco principalmente na contratação de mais professores para todos os cursos. ''Existe uma imensa defasagem do corpo docente na universidade'', diz o diretor da União Paranaense dos Estudantes (UPE), Ronaldo Pinto Junior.


 


Ele explica que muitas entidades, como a CUT, já comunicaram que farão visitas de apoio à ocupação agora a tarde. Às 17h estão programados dois Grupos de Discussão, um sobre o movimento estudantil e outro sobre a reforma universitária.


 


Ronaldo diz que após estes debates serão aprovadas proposta consensuais. O objetivo é marcar uma reunião de negociação com a reitoria para apresentar o documento.


 


''Desta forma, vamos mostrar que o movimento aqui na federal do Paraná está unido em torno de pautas comuns, como a criação do Plano Nacional de Assistência Estudantil e a garantia de no mínimo 10% do PIB para a educação'', afirma.


 


Pernambuco


 


Em alguns estados, as movimentações já começaram. Os estudantes da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) ocuparam na manhã desta terça o prédio da reitoria. Eles querem entregar ao reitor uma pauta de reivindicações e uma carta compromisso. Entre as exigências estão a imediata inauguração do restaurante e da creche universitária. Segundo a presidente da União dos Estudantes de Pernambuco (UEP), Anne Cabral, as duas obras estão paradas, ''a passos de tartaruga''.


 


Além disso, explica Anne, os estudantes reivindicam mais bolsas de estudos, melhor infra-estrutura para a moradia estudantil e abertura de mais cursos noturnos. Os alunos da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), onde o RU foi fechado, uniram-se aos protestos e pretendem, se preciso for, acampar em frente à reitoria.


 


Até o momento o reitor não se pronunciou se vai receber ou não uma comissão de alunos. Anne diz que as lideranças não vão sair do prédio pelo menos até o meio dia de amanhã, engrossando o Dia Nacional de Mobilização da UNE.


 


Veja abaixo a pauta do Dia Nacional de Mobilização nas Universidades Públicas:



Em defesa da educação e do Brasil


 


A União Nacional dos Estudantes toma a iniciativa de convocar e organizar mobilizações em diversas Universidades Federais espalhadas por todo o Brasil a fim de garantir melhores condições de ensino para todos. Entendemos que a Universidade brasileira vive um impasse: a necessidade de uma ampla reforma e ampliação das instituições versus o contingenciamento de verbas para a educação.


 


É urgente que a sociedade, a comunidade universitária e o governo coloquem de fato a educação como prioridade e bem estratégico para o desenvolvimento do país, destinando a ela os recursos necessários. A manutenção de uma política econômica que privilegie os juros altos e um elevado superávit primário é incompatível com a aplicação de mais investimentos na educação.


 


A Universidade Publica brasileira precisa passar por um radical processo de democratização de sua estrutura. O número reduzido de vagas é o motivo principal da exclusão que hoje observamos no sistema de ensino superior no Brasil. Por isso, a UNE defende a imediata ampliação de vagas, principalmente no período noturno.


 


Mas entendemos que para que isso seja feito de forma conseqüente com a garantia de qualidade do ensino oferecido, essa ampliação deve vir junto com a aplicação de autonomia administrativa e de gestão financeira das universidades que permita, entre outras coisas, a contratação imediata através de concurso público de novos professores e técnico-administrativos e ampliação das estruturas físicas e materiais necessárias.


 


Reivindicamos ainda a criação imediata de um Plano Nacional de Assistência Estudantil – com rubrica orçamentária específica – capaz de criar mecanismos que garantam a permanência dos alunos carentes na Universidade até o fim de seus cursos.


 


A UNE se solidariza com todos os processos de ocupação de Universidades públicas já deflagrados. Essas manifestações são legítimas e são reflexo dos problemas vividos pela situação educacional brasileira. Sua resolução deve se dar com base na negociação e diálogo, e não através do uso da violência da Polícia Militar.


 


A mobilização estudantil, capitaneada pela UNE, mais uma vez se põe á serviço do Brasil e da educação.


 


Pauta de reivindicações da UNE:


 


• Pela derrubada dos vetos ao Plano Nacional de Educação, garantindo dessa forma o investimento de 7% do PIB destinado à educação. Só com a garantia de ampliação dos investimentos é possível discutir com conseqüência a necessária expansão da Universidade Pública assegurando a qualidade de ensino, pesquisa e extensão oferecidos por esta. Defendemos ainda imediata mudança da política econômica implementada pelo Governo Federal. Fim dos juros altos e do superávit primário!


 


• Pela criação de um Plano Nacional de Assistência Estudantil com rubrica orçamentária específica que contemple a necessidade de criação e ampliação de creches, Restaurantes Universitários, moradia estudantil, financiamento para o transporte, bolsas de auxílio aos estudantes carentes.


 


• Autonomia administrativa e de gestão financeira para as Universidades. Imediata contratação de mais professores e técnico-administrativos, através de concurso público. Democratização da Universidade em todos os âmbitos. Paridade nos Conselhos Universitários e nas Eleições diretas para reitor.