Protestos marcam o Dia Nacional de Mobilização da UNE

O Dia Nacional de Mobilizações nas Universidades Públicas, organizado pela UNE nesta quarta-feira (6), teve como objetivo principal sensibilizar o governo para que crie uma política nacional de assistência estudantil.


O objetivo também é apoiar, fortalecer e ampliar as diversas manifestações que vem ocorrendo pelo país, principalmente no estado de São Paulo, onde protestos já ganham corpo no interior com greves de estudantes e professores na USP, Unesp, Fatec’s e Unicamp.



''Desde 1998 que as Universidades Federais não dispõem em seus orçamentos uma rubrica específica para investir em seus restaurantes, nas casas de estudantes e em bolsas-auxílio'', explica a diretora da UNE, Lúcia Stumpf.



O presidente da UNE, Gustavo Petta avalia que as reivindicações tanto de professores, servidores e estudantes têm uma pauta em comum: a defesa da universidade pública e do ensino de gratuito e de qualidade.



''As manifestações foram vitoriosos porque conseguimos mobilizar os estudantes por uma causa que eles lutam agora, mas servirá os próximos que vão entrar na universidade e não possuem condições financeiras. Não se trata de simples capricho ideológico ou voluntarismo estudantil. São lutas de olho no futuro, para melhorar e democratizar a educação no país'', afirmou.



Abaixo, confira um balanço parcial dos protestos que ocorreram nas principais universidade



UFSM (RS)



No Rio Grande do Sul, mais uma vez os estudante da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) mostraram a força do movimento estudantil e ocuparam nesta quarta a Fundação de Apoio à Tecnologia (Fatec). Os alunos já haviam ocupado, na semana passada, o prédio da reitoria.



O protesto contra a Fundação se deve a uma série de denúncias reportadas pela mídia local sobre irregularidades no desvio de dinheiro. Segundo o coordenador-geral do DCE, Vinicius Dalbianco, a Fatec é alvo de investigação por parte do TCU em razão do uso de verbas públicas para pagar despesas de viagem e hospedagem de seus diretores.



Os estudantes lavaram as calçadas e os vidros da Fatec, manifestando indignação com relação às denuncias de corrupção e irregularidades sobre as prestações de contas da fundação aprovadas no conselho universitário.



O movimento ainda fez denúncias sobre o gerenciamento privado dos recursos públicos destinados para as universidades e sobre o favorecimento particular de professores e diretores dos centros da UFSM com os projetos gerenciados pela Fundação. ''Muitos diretores, professores e servidores da universidade possuem cargos dentro da Fatec. Isso gera um conflito de interesse que nós não aceitamos'', diz.



UFPE



Os estudantes da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) ocuparam na manhã da terça-feira a reitoria. Eles tiveram uma reunião na manhã desta quarta com o vice-reitor, quando apresentaram a pauta de reivindicações e a carta compromisso. Por volta das 16h30, após negociações com a reitoria, os alunos decidiram desocupar o prédio.



Entre as exigências estão a imediata inauguração do restaurante e da creche universitária. Segundo a presidente da União dos Estudantes de Pernambuco (UEP), Anne Cabral, as duas obras estão paradas, ''a passos de tartaruga''.



Além disso, explica Anne, os estudantes reivindicam mais bolsas de estudos, melhor infra-estrutura para a moradia estudantil e abertura de mais cursos noturnos. Os alunos da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), onde o RU foi fechado, uniram-se aos protestos e pretendem, se preciso for, acampar em frente à reitoria.



UFPR



A reitoria da Universidade Federal do Paraná foi ocupada por cerca de 100 estudantes na manhã da última terça-feira (5). Os alunos realizaram a ocupação em conjunto com servidores das universidades que estão em greve. A pauta de reivindicações foi entregue à reitoria, incluindo um plano de assistência estudantil para a UFPR, a contratação urgente de mais professores e mais democracia nos conselhos universitários.



A ocupação dos estudantes no Paraná foi pacífica, durou um dia e contou com palestras, debates e atividades culturais. ''A ação foi bem sucedida, nós tivemos muita atenção da opinião pública e pudemos discutir temas importantes como cultura e reforma universitária'', contou o diretor da União Paranaense dos Estudantes (UPE), Ronaldo Júnior.



UFGD (MS)



Na Universidade Federal de Grande Dourados (UFGD), mais de 150 estudantes deixaram na madrugada desta quarta (6) o prédio da reitoria, que estava ocupado desde a noite da segunda-feira (4). O DCE teve uma reunião com a direção da instituição na noite de ontem e, após uma negociação, resolveram desocupar o local.



Lideranças de alguns movimentos sociais, como o MST e Via Campesina, chegaram a visitar a ocupação e levaram apoio aos alunos. Também foram realizados debates para que o movimento construísse propostas consensuais a serem apresentadas para a reitoria.



A pauta local dos estudantes da UFGD inclui a luta pelo passe livre e a viabilidade da construção da moradia estudantil. Desde 2003 que o alojamento da universidade está fechado, o que, segundo o DCE, ocasionou a desistência de alguns alunos sem condições financeiras para manter os estudos. ''Existe hoje, mesmo assim em pouco número, uma bolsa permanência de R$ 150. Queremos que a moradia volte a funcionar'', protesta o coordenador do DCE, Alceu Junior Bittencourt.



Entre os avanços que o movimento considera ter conquistado estão a garantia de apoio e mediação da universidade no diálogo com o poder público local e o posicionamento da reitoria a favor de um projeto de lei que impede a queima indiscriminada da cana de açúcar e contra a exploração da mão de obra indígena. ''A direção se comprometeu a implementar nossas reivindicações e levá-las ao conhecimento da prefeitura, da câmara e da assembléia legislativa'', diz Alceu. ''Vamos agora fazer uma assembléia com os estudantes para discutir os resultados da ocupação'', completa.



UFRJ



Na Universidade Federal do Rio de Janeiro, cerca de 100 estudantes ocuparam um restaurante particular, instalado na faculdade de Letras. Segundo eles, o estabelecimento foi criado por uma antiga diretora da instituição e não atende às necessidades dos alunos, com preços altos e serviço ineficiente.



''A Faculdade de Letras é a que possui mais estudantes de baixa renda e este restaurante não contempla essa realidade. Nós queremos a construção de um outro refeitório aqui, mais democrático e acessível'', disse a coordenadora do DCE da UFRJ Flávia Calé.



A pauta específica da UFRJ ainda inclui a reforma do bandejão central e o reparo das instalações elétricas dos alojamentos. Os estudantes também protestam contra a proposta de redução do espaço de Centros Acadêmicos para a construção de uma agência do Banco Real.



UFRRJ



O DCE organizou panfletagem na entrada da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). No começo dos turnos das aulas, estudantes distribuíram um informativo aos alunos. O diretor da UNE, Rodrigo César, explicou que o objetivo foi ampliar a pauta nacional com demandas locais, como a luta pelo passe livre estudantil e a redução das tarifas do transporte público na capital.



Outro ponto coloca em discussão pelos estudantes da UFRRJ foi a reforma do estatuto da instituição, que data de 1965. Eles querem reformular o documento para garantir a democracia interna na universidade. Na semana que vem deverá acontecer uma reunião com representantes da reitoria.



UNB (DF)



Estudantes da Universidade de Brasília participaram hoje (6) do ato dos servidores da Universidade ligados a Federação de Sindicatos de Trabalhadores das Universidades Brasileiras (Fasubra Sindical), em greve desde o dia 28. O protesto aconteceu em frente ao ministério do Planejamento.



O diretor da UNE, Leandro Cerqueira, diz que é necessário fazer com que o governo federal se convença de que a aplicação desses recursos nas universidades é importante. ''O problema é exatamente esse, várias iniciativas já foram tomadas e foram barradas pela política econômica do governo, então nós entendemos que é necessário que aja uma decisão política do governo no sentido de implementar a ampliação do financiamento das universidades federais'', disse.



UFMG



Em Minas Gerais, os estudantes participaram de um ato unificado com os servidores da UFMG. Eles protestaram contra a proposta de criação de Fundações Universitárias para administrar o hospital universitário e realizaram um abraço simbólico à unidade hospitalar da UFMG na região central de Belo Horizonte. Cerca de 450 pessoas, entre servidores e estudantes participaram do ato.



Os manifestantes acreditam que a proposta de criação de Fundações fere a autonomia universitária,como explicou a a presidente da UEE-MG, Luana Bonone: ''Achamos que a criação dessas instituições para regular a universidade é um primeiro passo para a privatização do ensino público''.



UFG (GO)



Cerca de 200 estudantes, junto a professores e servidores, fizeram um protesto em frente ao prédio da reitoria na Universidade Federal de Goiás. O reitor desceu e recebeu dos manifestantes uma pauta de reivindicações. Ele se comprometeu a avaliar todas as reivindicações dos estudantes e chamar uma reunião para os próximos dias, com objetivo de discutir as negociações.



Fonte: EstudanteNet