Para Lula, G8 e OMC, só decisão política fará Doha evoluir

Os chefes de Estado e de governo do G-8 e a OMC concordaram nesta sexta-feira (8) com o Brasil a respeito de que é possível conseguir um acordo “rápido” para fechar a Rodada de Doha de liberalização comercial até o fim do ano, dependendo de um compromisso

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou após a reunião que o reatamento das negociações de Doha está próximo e que, se antes já estava otimista, ficou ainda mais depois do G8.



“Alguns me criticam por ser otimista. Pois agora digo que deixo esta reunião mais otimista do que antes. As negociações de Doha poderiam começar muito em breve, quando menos se espera”, disse Lula a jornalistas.



Segundo o presidente, embora grande parte da discussão tenha sido sobre a contribuição dos países em desenvolvimento à luta contra a mudança climática, a Rodada de Doha não ficou relegada a segundo plano.



“Todos temos interesse em relançar e concluir com sucesso as negociações e acho que é possível alcançar essa meta se todos fizermos nossa parte e flexibilizarmos nossas posições”, afirmou.



Para Lula, “a única coisa que falta para retomar Doha é decisão política porque as decisões econômicas já foram tomadas. Os problemas que enfrentamos são políticos e a única forma de superá-los é tomando decisões políticas”. “O que assistimos agora é a uma partida de pôquer”, que “está prestes de acabar”, comparou.



Oportunidade de ouro



Já de acordo com a anfitriã da cúpula do G8, a chanceler alemã Angela Merkel, o sucesso da rodada “é crucial”.



O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, disse aos líderes do G8 que um acordo provisório “está ao alcance” em seis ou nove meses, por isso “não devem deixar que esta oportunidade escape das mãos”.



A declaração sobre comércio da cúpula destaca a “necessidade de um acordo ambicioso, equilibrado e global” da Rodada de Doha, atualmente estagnada.



Os membros do G8 (EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Canadá e Rússia) afirmaram que se o trabalho for intensificado, “a rodada pode ser concluída no final de 2007”. Para isso, “chegou a hora de traduzir o compromisso contínuo em nível político em resultados tangíveis”.



Os chefes de Estado e de governo pediram que seus ministros do Comércio apresentem nas próximas semanas “um programa sólido” para a negociação multilateral.



Além disso, insistiram que os membros dos grupos negociadores da OMC em Genebra “obtenham um avanço a tempo” para destravar o processo para concluir a rodada ainda este ano.



Compensações e aprofundamento



A União Européia (UE), os Estados Unidos, o Brasil e a Índia (o chamado G4 da OMC) protagonizaram nas últimas semanas um intenso processo de contatos para tentar retomar as negociações.



O G4 deve tentar solucionar as principais questões da negociação da Rodada de Doha em reunião ministerial em meados de junho, num lugar ainda não definido da Europa.



A Rodada de Doha, lançada no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC) em 2001 e que pretendia concluir no final de 2006, procura aprofundar na liberalização comercial de agricultura, indústria e serviços e que seus principais beneficiados sejam os países em desenvolvimento.



Na última sessão da cúpula do G8, o clube dos países mais industrializados tratou da questão com o chamado G5 – formado pelos principais países emergentes: Brasil, China México, África do Sul, e Índia.



O presidente francês, Nicolas Sarkozy, cujo país é um dos mais apegados aos subsídios agrícolas e exige compensações por sua redução, manteve hoje a tradicional postura sobre a “necessária reciprocidade” nas concessões.



Se Lula escolheu a comparação com o jogo de cartas, Sarkozy usou uma metáfora esportiva, dizendo que “a ingenuidade deve ficar no vestiário”.



Fonte: Efe