“A Pedra do Reino” leva à TV o Nordeste de Ariano Suassuna

O sertão não virou mar, mas o pessoal de Tapeorá, no sertão da Paraíba, presenciou cenas jamais vistas durante os três meses que a equipe de A Pedra do Reino – minissérie que estréia na próxima terça-feira – se instalou por lá. Em uma cidade de p

Carvalho, o mesmo diretor de Hoje é Dia de Maria, escolheu Taperoá, a cidade da infância de Ariano Suassuna, para começar o seu Projeto Quadrante – uma viagem audaciosa que pretende mapear o Brasil. “É uma espécie de caravana que estou propondo para que se conheça o país, muitas vezes desperdiçado em função de uma visão centralizadora do eixo Rio-São Paulo”, diz.


 


Depois de A Pedra do Reino, virá Capitu, de Machado de Assis, que será filmado no Rio. Também estão previstos Dançar um Tango, da obra de Sérgio Faraco, em Porto Alegre; e Dois Irmãos, em Manaus, de Milton Hatoum. Segundo ele, Quadrante é um projeto de vida.


 


Para A Pedra do Reino, Carvalho saiu do Rio com uma pequena equipe trabalho e muita vontade de encontrar novos parceiros. Em Taperoá, montou ateliês e oficinas. “Talentos locais trazem os seus territórios, as memórias. É um conjunto ético e estético, porque além da construção de uma fabulação, promovem um retrato mais justo do país.”


 


Os novos talentos de Carvalho não se limitam aos atores (em sua maioria desconhecidos, à exceção de Cacá Carvalho e do paraibano Luiz Carlos Vasconcelos). Bordadeiras, artesãos, costureiras, poetas, músicos e cantores locais também participam do projeto.


 


700 páginas


 


Taperoá, que na língua tupi significa aldeia abandonada, foi ocupada pela trupe de Carvalho. A Secretaria de Saúde se transformou no ateliê de figurino e um armazém de algodão virou sala de ensaio. Uma arena de 2 mil metros quadrados foi construída para servir de palco.


 


Para compor o cenário da série, o cenógrafo João Irênio se inspirou nas lápides dos antigos cemitérios sertanejos. Algumas casas de moradores se misturaram ao cenário, como a de seu Salatiel, que foi usada para abrigar o personagem principal da série, Quaderna. Por coincidência, o paraibano, de 82 anos, foi colega de escola de Suassuna.


 


Para transformar as 700 páginas do livro de Suassuna (Romance d´A Pedra do Reino, de 1971) em uma série de cinco episódios, foi criada uma narrativa em três tempos: o presente, quando Quaderna é um velho palhaço, o tempo passado e o tempo passado que invade o presente, quando os personagens do passado ocupam o espaço do narrador.


 


Da Redação, com informaçõs do Jornal da Tarde