EUA podem confiscar documentário anti-Bush feito em Cuba

O cineasta Michael Moore guardou no Canadá uma cópia do seu novo documentário, SiCKO, por temer que o governo dos Estados Unidos tente confiscá-lo. O Departamento do Tesouro americano está investigando a viagem não-autorizada que o diretor fez em

SiCKO (corruptela de “doente”) faz um duro ataque ao sistema de saúde pública dos Estados Unidos, atacando o descaso do governo Bush com o setor. O lançamento nos cinemas norte-americanos está previsto para 29 de junho.


 


Devido ao embargo econômico mantido desde 1962, os cidadãos norte-americanos são proibidos de viajarem a Cuba. As poucas exceções viajam sempre com autorização do governo.


 


Moore diz não ter violado leis porque viajou a Cuba em um “esforço jornalístico”. Numa entrevista coletiva em Nova York, o cineasta declarou: “Trouxemos de volta 15 minutos do filme — e estamos preocupados com possíveis esforços de confisco”.


 


O cineasta — cujo Fahrenheit 11/9 (2004), um libelo anti-Bush, se tornou o documentário de maior sucesso na história dos Estados Unidos — e o advogado David Boies acusaram o governo de cometer discriminação contra o polêmico cineasta.


 


“Tomamos medidas há algumas semanas para deixar uma cópia 'master' deste filme no Canadá”, explica Moore. “De modo que, se (os Estados Unidos) nos tomarem o negativo, teremos um negativo duplicado deste filme no Canadá.”


 


Uma porta-voz do Departamento do Tesouro, Molly Millerwise, se negou a comentar o caso, afirmando por meio de e-mail que o órgão não confirma nem nega a existência de investigações.


 


Moore viajou a Cuba com três voluntários que haviam trabalhado nas ruínas do World Trade Center, em Nova York, depois dos ataques de 11 de setembro de 2001. Segundo ele, os voluntários sofrem de problemas de saúde depois de atuarem naquele local e têm dificuldade de acesso aos tratamentos públicos.


 


De barco, Moore os levou até a base naval norte-americana de Guantánamo, que fica encravada no leste de Cuba e onde Washington mantém suspeitos estrangeiros de terrorismo. O cineasta queria ver se eles receberiam o mesmo atendimento médico gratuito dos detentos.


 


Após serem barrados, eles decidiram ver que tipo de atendimento encontrariam em Cuba, cujo governo comunista se orgulha da qualidade de seus hospitais.