Último relatório de Comissão da ONU culpa EUA e Grã-Bretanha

Às vésperas de sua dissolução, a Comissão de Controle, Verificação e Inspeção da ONU (Cocovinu) declarou, em volumoso relatório divulgado nesta sexta-feira (29), que não encontrou uma só arma de destruição em massa no Iraque, mas não pôde impedir a interv

O relatório detalha a história dos programas de interdição de armamentos no Iraque e os esforços da ONU para obter o desmantelamento dos arsenais. A Comissão avalia que as missões de inspeção no terreno valem mais que os informes de serviços de informação.



A Cocovinu não culpa explicitamente nenhum país. Mas deixa transparecer claramente para quem o lê que os EUA e a Grã-Bretanha são o alvo dos inspetores da ONU.
“Apesar de um certo ceticismo proveniente de numerosas regiões da comunidade internacional, fica constatado hoje que o sistema de inspeção da ONU no Iraque foi em grande medida exitoso, no que se refere a desarmamento e sistemas de controle”, afirma o dossiê de 1.160 páginas.



Às vésperas da dissolução



A Cocovinu, dirigida na época pelo sueco Hans Blix, atuou no Iraque entre novembro de 2002 e as vésperas da guerra desfechada pelos EUA e a Grã-Bretanha, em março de 2003. Sua antecessora, a Comissão espacial das Nações Unidas (Onuscom), se empenhara durante sete anos em privar o Iraque de artefatos de destruição em massa (armas químicas e biológicas, assim como mísseis de alcance superior a 150 ikm) em implantar um sistema de controle e verificação do respeito aos compromissos assumidos pelo Iraque.



Na próxima sexta-feira (6/7), uma resolução apoiada pelos EUA e Grã-Bretanha, fechando a comissão, será submetida ao Conselho de Segurança da ONU. Em sua breve existência, ela empreendeu 731 missões de inspeção, em um total de 411 lugares. O seu relatório final responsabiliza indiretamente Washington e Londres por terem entravado seu trabalho.



“Se a Cocovinu não tivesse sido submetida a uma pressão tão severa, em termos de cronograma, as inspeções teriam podido ser mais detalhadas, completas, e numerosas questões colocadas teriam podido ser estudadas chegando a uma conclusão, incrementando a confiança no processo de inspeção”, diz o documento.



Hans Blix, que dirigia a Cocovinu no momento da invasão, foi bem mais explícito: “Os EUA e o Reino Unido escolheram a opção de ignorar (nossos relatórios) e basear sua ação nos seus serviços de informações. Nós não queríamos uma invasão, queríamos  inspeções”, disse ele, numa entrevista em 2005.
Nomes dos fornecedores não foram revelados



O relatório final, assinado pelo presidente executivo em exercício da Comissão, Dematrius Perricos, sublinha também que a atitude iraquiana da época não ajudou a missão. “Com informações falsas e falaciosas, especialmente nos primeiros anos do processo de inspeção (imediatamente após a Guerra do Golfo de 1991), tornara-se praticamente impossível para o Iraque fornecer provas convincentes que abalassem as desconfianças”, diz o texto.



O documento sublinha igualmente que a Cocovinu identificou mais de 200 fornecedores estrangeiros que, entre as décadas de 70 e de 90, forneceram ao Iraque equipamentos de alta tecnologia e materiais incluidos nas interdições. Funcionários da ONU disseram que os autores do relatório decidiram guardar silêncio sobre os nomes desses fornecedores.



Fonte: http://www.aloufok.net