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Direção do PCdoB discute Central Classista dos Trabalhadores

O Comitê Central do PCdoB, reunido em São Paulo, discute uma indicação para que a Central Sindical Classista (a CSC,onde atuam os comunistas) deixe a CUT e impulsione a criação de uma nova central sindical, a Central Classista dos Trabalhadores, CCT. A pr

Batista disse que o debate despertou ''uma expectativa muito grande da nossa militância''. A discussão partiu da idéia de ''ousar mais'', colocada na reunião do Comitê Central de março.


A partir daí houve um encontro das lideranças sindicais teve presença de 60 companheiros. A Comissão Política e o Secretariado discutiram, além de inúmeras reuniões nas bases, nos estados.


''O que está em debate? Primeiro, a crise do movimento sindical, que tem causas objetivas e subjetivas. As mudanças tecnológicas têm alterado a materialidade da classe. Muda o perfil da classe, que hoje é mais feminina, mais jovem, com nível de escolaridade maior. Um índice de desemprego muito grande, chega a 16%, e o crescimento contido não resolve.Há também uma crise da direção sindical. E há ainda os problemas de partido, nos quais avançamos muito: a promoção de operários para o Comitê Central foi um grande êxito'', diz Batista.



''A questão é essencialmente política'', diz Batista, e relaciona três pontos de partida: a mudança ocorrida com o governo Lula; a nova realidade político-sindical, e o processo de acumulação de forças dos comunistas no movimento sindical.


Um movimento em recomposição


O movimento sindical vive uma recomposição, seja no nível internacional, seja no Brasil. ''Hoje não vivemos mais a polarização entre a CUT e a Força Sindical'', observa Batista.''Tanto a CUT não é mais aquela combativa, classista, dos anos 80, como a Força Sindical faz um movimento de reciclagem, não é mais aquela conservadora'', avalia, embora advertindo para ''não se ter ilusão''. Surge a UGT, fusão de três centrais, encabeçada por um ex-dirigente da Força; e a Nova Central, de Calixto, com base nas Federações.


''Isso coloca para nós um novo patamar na luta pela unidade. Esta não passa necessariamente pela CUT, mas por uma articulação destas quatro centrais, afirma o secretário Sindical do PCdoB. ''A unidade passa hoje por uma coordenação das centrais'', destaca, defendendo uma Conferência da classe trabalhadora para criar esse instrumento.


''Hoje nós estamos dentro do movimento sindical. Antes, estávamos fora, hoje não'', avalia Batista, sobre a implantação dos comunistas entre os trabalhadores. A CSC, nós, acumulamos força, companheiros'', sublinha.Ele faz a defesa da convicção de classe e observa que, por falhas nesta área, ''a base do PT nos movimentos sindicais não é mais aquela''.


A CSC ''acumulou forças'' e ''se transforma num pólo, dentro da CUT e fora da CUT''.


''Processo de construção na CUT se esgotou''


Dois caminhos se apresentam. Um seria ''uma repactuação dentro da CUT''; mas este esbarra no ''hegemonismo da Articulação Sindical''. O crescimento da CSC fica ''represado dentro da CUT''. No Concut de 2006, fizeram ''um plano miraculoso para tirar a CUT-Bahia da gente''.


''Nós chegamos à conclusão de que se esgotou o processo nosso de construção dentro da Central Única dos Trabalhadores'', conclui João Batista. E cita exemplos (Metalúrgicos de Volta Redonda, RJ, de São Caetano, SP, e das áreas industriais do Paraná). ''A marca da CUT é forte, mas não é mais tão forte assim''.
''Nós chegamos à conclusão de que elevar a CSC seria através de transformá-la, junto com aliados, na Central Classista dos Trabalhadores, CCT'', resume o coordenador da Corrente.



''Temos condições de dar um salto ou não? Nós examinamos, para não dar um tiro no escuro. Levantamos qual é o peso real da CSC. Com pesquisa, levantamos que a CSC contando cerca de 160 sindicatos do campo, da Bahia, teria cerca de 470 sindicatos com hegemonia da CSC; com forte presença, cerca de 180 sindicatos; e temos presença e mais outros, estando presentes em mais de 800 sindicatos. Este número já daria força para fundarmos uma central, dentro dos critérios que devem vir na Medida Provisória do reconhecimento das centrais'', conta Batista.


Aliados que querem a central


A seguir, o secretário Sindical relaciona outras forças que tendem a se agregar à nova central. Tanto nas cidades como no campo, são numerosas. Batista cita um dirigente de trabalhadores rurais: ''Chega uma hora em que a folha cai da árvore, não tem jeito. Se vocês não fundarem essa central, nós vamos criar uma central camponesa''.
Ele ressalta que a idéia não é uma ''central vermelha'', comunista, mas classista e ampla, ''para contribuir na luta pela unidade dos trabalhadores''.



''Há um espaço, há uma demanda, concreta. Ou a gente oucpa isso, ou outros ocuparão'', afirma.


Um processo de transição


Batista defende um processo de transição, com ''flexibilidade'', em especial na relação com a estrutura sindical vertical (Confederações). ''Além de protagonizar uma central classista, poderemos atuar nas variadas organizações filiadas a outras centrais sindicais'', explica.



Para o coordenador da CSC, a decisão não significaria um ''rompimento traumático'' com a CUT. Ele cita conversações com o presidente da CUT, Arthur Henrique, entre outros líderes da Artsind, visando ''não arranhar muito'' com a separação. Ele avalia que mesmo para o governo Lula será interessante a existência de uma nova central, autônoma e independente, mas empenhada na defesa dos interesses dos trabalhadores.