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Renato aponta as quatro principais tarefas da atualidade para os comunistas

A oposição, sem discurso e olhando para 2010 imaginando que terá chances na disputa pela sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva numa disputa em que não terá que enfrentá-lo diretamente, descartou o discurso anti-Lula e procura novos alvos. Es

A oposição, sem discurso e olhando para 2010 imaginando que terá chances na disputa pela sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva numa disputa em que não terá que enfrentá-lo diretamente, descartou o discurso anti-Lula e procura novos alvos. Essa oposição, as forças conservadoras e a grande mídia procuram atacar pelos flancos, usando os mesmos métodos sujos usados na tentativa de sangrar o presidente, durante a crise de 2005 e 2006, e que não deu resultados. Por isso, atua para desmontar a base de sustentação do governo, concentrando seu ataque em aliados importantes do governo, como o presidente do Senado, Renan Calheiros. Esta avaliação da conjuntura política foi feita pelo presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, na abertura da 7.ª reunião ordinária do Comitê Central, em São Paulo.


 


Renato Rabelo apontou as quatro principais tarefas colocadas para os comunistas. A primeira delas é o esforço para sedimentar e consolidar o Bloco de Esquerda — que reúne o PSB, PDT, PCdoB, PRB, PMN e PHS — trazendo para eles novas forças capazes de sinalizar uma alternativa mais avançada para o país.


 


A segunda é a luta por uma reforma política democrática, num contexto marcado por duas tendências básicas, a daqueles que não querem nenhuma mudança, mantendo tudo como se encontra, contraposta à dos que querem mudanças para aprofundar e aperfeiçoar a democracia. Neste momento, disse ele, o impasse resultou da falta de amadurecimento do debate, incapaz de angariar apoios para propostas mais avançadas. Por isso a reforma foi adiada. Mas ela é uma imposição e não pode haver ilusões, disse ele: os conservadores vão tentar uma reforma anti democrática, sendo necessário todo esforço e mobilização para resistir e avançar, derrotando teses como o voto distrital e a cláusula de barreira.


 


A terceira tarefa é a necessidade de reforçar e ampliar os laços com os movimentos sociais; Renato Rabelo destacou a importância do 50.° Congresso da UNE, e também a necessidade de aprofundar as ações no movimento sindical e demais organizações populares.


 


Finalmente, a quarta tarefa indicada por ele é o empenho pelo sucesso do projeto eleitoral do PCdoB para 2008, que será um dos temas do debate desta reunião do Comitê Central, e que prevê o aumento da presença comunista à frente das prefeituras, inclusive em capitais e cidades grandes, e também nas Câmaras de Vereadores.
Antes disso, Renato Rabelo havia feito uma avaliação da conjuntura internacional, centrando sua análise na denúncia da política agressiva, e guerreira, do imperialismo estadunidense, que enfrenta dificuldades crescentes no Iraque – reconhecidas mesmo por alguns destacados especialistas ligados ao próprio imperialismo, que começam a colocar a derrota no horizonte de suas análises.


 


O presidente comunista referiu-se também à grave situação palestina, dividida entre o governo da Autoridade Palestina, de um lado, e o Hamas, de outro; Renato rabelo apresentou ao coletivo dirigente do PCdoB um relato de seu encontro recente com a embaixadora da Autoridade Palestina no Brasil, Mayada Bamya Abassi, a quem reiterou o completo apoio do PCdoB ao governo legal palestino da OLP, ressalvando que os problemas internos da Palestina devem ser resolvidos pelos próprios palestinos, sem ingerências externas.


 


Outros pontos abordados por Renato Rabelo foram a tentativa dos EUA de instalar um sistema anti-míssil na Europa, criando uma nova “crise dos mísseis” devido à forte resistência da Rússia, que reassume um protagonismo ativo na política mundial; o crescimento da economia mundial (pelo quinto ano consecutivo) e a estagnação da economia dos EUA; o papel desempenhado por Brasil e Índia nas negociações para a retomada da Rodada de Doha (que, em Potsdam, foi positivo por resistir às tentativas de imposição de seus interesses pelos países ricos); finalmente, as ameaças do imperialismo na América Latina. Se, em Potsdam, os países ricos tentaram impor uma “Alca mundial”, na América Latina as investidas do imperialismo voltam-se contra o fortalecimento do Mercosul e da integração continental.


 


Este é o sentido, pensa Renato Rabelo, da crise montada em torno da entrada da Venezuela no bloco econômico regional. A integração da América do Sul passa por três países, pensa ele: Brasil, Argentina e Venezuela. E a posição correta, para os brasileiros e para os comunistas, é se aproximar da Venezuela, e não isolá-la. Seu isolamento é o jogo da direita, insistiu ele. As pressões do imperialismo, nesse sentido, ecoam no comportamento da direita brasileira, que busca qualquer pretexto para prejudicar as relações com o governo de Hugo Chávez e travar a entrada do país no Mercosul.


 


Há duas visões principais e antagônicas, disse ele. Uma é aquela que vê as relações com a Venezuela com “os olhos do norte”, que é o modo de ver da direita; a outra é a visão integracionista, que prevalece no governo Lula, nos setores progressistas e entre os comunistas. Nesse sentido, Renato Rabelo destacou os três pontos que orientam uma visão avançada sobre a questão: rechaçar qualquer tentativa de nos afastar da Venezuela pois isso vai contra o interesse nacional; recusar toda ingerência em assuntos internos do país vizinho e apoiar dentro do Congresso Nacional sua entrada no Mercosul; finalmente, apoiar as atitudes do governo Lula para acatar o pedido de entrada da Venezuela no mercado comum.


 


Em relação ao quadro nacional, além de apontar a falta de discurso da oposição, Renato Rabelo lembrou o quadro mais favorável com que o governo Lula se depara no início do segundo mandato, onde a herança do primeiro mandato é qualitativamente diferente, e superior, ao legado recebido dos governos Fernando Henrique Cardoso, no início de 2003.


 


Renato Rabelo ressaltou os dados positivos do quadro macroeconômico, marcado pela inflação baixa, pela diminuição da relação PIB/dívida pública, pelo crescimento dos investimentos externos, pela previsão de crescimento de 4,5% do PIB, pela criação de um milhão de empregos formais nos três primeiros meses do ano, pelo volume recorde de divisas (que se aproxima de 150 bilhões de dólares e poderá chegar, em dezembro, a 200 bilhões), entre outros aspectos favoráveis.


 


Contudo, ressaltou, a orientação ortodoxa, monetarista, ainda não foi superada e a conjugação de juros altos com uma política cambial que mantém o real valorizado pode embutir riscos graves capazes de comprometer a retomada do desenvolvimento, além de significar grave ameaça de desindustrialização, com conseqüências nocivas para a economia brasileira e para os trabalhadores.



A reunião se encerrou no domingo, dia 8, enfrentando uma pauta extensa formada por pontos como a proposta de normatização das Conferências Estaduais Ordinárias do PCdoB; a proposta da Comissão Nacional de Organização de uma política de quadros atualizada; a situação da Corrente Sindical Classista na CUT; a aprovação de uma resolução sobre a questão da emancipação da mulher e a ratificação das decisões aprovadas na 1.ª Conferência Nacional do PCdoB sobre a Questão da Mulher.



Leia aqui a resolução da 7ª. Reunião do Comitê central sobre a questão da Venezuela


Leia aqui o que o Comitê Central discutiu sobre a situação da Corrente Sindical Classista na CUT