Ambientalismo e mudança de pensamentos

O Relatório “O Nosso Futuro Comum” alertou o mundo, em 1987, sobre os riscos da degradação ambiental e apresentou os conceitos de desenvolvimento sustentável e de uma nova ordem econômica.

Parece que a humanidade não se sensibiliza mais como outrora o fazia quando enfrentava os rigores da realidade dos chamados acidentes naturais.


 


Naturalmente, cada geração tem seus valores e deve cultivá-los. Estranho é que valores universais e atemporais tais como verdade, justiça social, ambiente saudável, saúde humana sejam também descartados pela sociedade pós-moderna.


 


O curioso é que os fatos ou alertas já vêm de longa data. Talvez o marco principal tenha sido a contaminação de moradores da Baía de Minamata, no Japão, pelo mercúrio jogado por indústrias na década de 1960. Este fato estimulou a realização da Conferência para o Meio Ambiente Humano, que se deu em 1972 em Estocolmo. A história que se seguiu já é bastante conhecida.


 


Há cerca de três meses, o IV Relatório de Avaliação das Mudanças no Clima foi apresentado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, que alertou de forma contundente os riscos do aquecimento global, afirmando que as alterações climáticas são decorrentes da atividade humana que resultam na emissão excessiva de dióxido de carbono e outros gases.


 


Há que se considerar que as informações divulgadas ao público têm um caráter geral e isto, provavelmente, dificulta a percepção da real dimensão. As pessoas podem não estar captando os riscos que as mudanças do clima trazem para o presente e para o futuro da humanidade. Parece não ter nada a ver conosco. Estamos vendo os desastres ambientais como o furacão Katrina, as enchentes, as secas, o aumento da temperatura e não enxergamos a magnitude de tudo isso. Como bem afirmou a Ministra Marina da Silva, parece que nos falta “um 'evento' com capacidade de mudar rumos e pensamentos. O ambientalismo e seus desdobramentos, em especial o socioambientalismo, são forças de mudança que podem constituir esse evento”.



 


Luiz Antônio Maciel de Paula – Professor