Corrupção e protestos agitam governo polonês

O primeiro-ministro polonês Jaroslaw Kaczynski demitiu na última semana o ministro da Agricultura (Andrzej Lepper, do partido populista ''Autodefesa'' e também vice-primeiro ministro) pelo seu suposto envolvimento num escândalo de corrupção em grande esca

O anúncio de que o Partido da Autodefesa se mantém no goveno polaco parece ter adiado a crise, mas Kaczynski pode ainda convocar a antecipação das eleições. Contudo, o protesto de enfermeiras e vários sindicatos por mais verbas para a saúde e melhores condições de trabalho continua montado diante da residência do primeiro-ministro. 



A coligação que governa a Polônia e cuja atuação se tem pautado por uma ''revolução moral conservadora'' (atacando os homossexuais, ameaçando tornar ainda mais restritiva a lei do aborto e perseguindo todos aqueles que colaboraram com o antigo governo socialista) sofreu um forte abalo durante a última semana.



O ministro da Agricultura, Andrzej Lepper, foi pressionado a demitir-se pelo premiê devido a um escândalo de corrupção. Andrzej Lepper, que é também fundador e líder do Partido ''Autodefesa'' ameaçou abandonar a coligação governamental se não forem cumpridas duas condições: apresentação de provas à justiça de que houve envolvimento seu no escândalo de corrupção e a manutenção da pasta da agricultura pelo seu partido.



A coligação governamental é formada por três partidos: o Partido ''Direito e Justiça'' dos irmãos Kaczynski, os populistas da ''Autodefesa'' e a Liga das Famílais Polacas (formação de extrema-direita do demissionário ministro do esporte, também envovlido num escândalo de corrupção).



Devido à queda nas pesquisas  dos dois parceiros de coligação, Kaczynski acredita que poderá absorver grande parte desse eleitorado, vendo por isso com bons olhos a realização de eleições antecipadas, até porque os ex comunistas da Aliança Social Democrática não ultrapassam os 12% nas intenções de voto e a Plataforma Cívica (Liberais) tem apenas mais alguns pontos do que o partido de Kaczynski.



Entretanto, continua o mega-protesto de milhares de enfermeiras e diversos sindicatos à porta da residência oficial do premiê. Os manifestantes montaram dezenas de tendas e exigem mais verbas para a saúde e aumentos salariais.



Apesar das enfermeiras contarem com o apoio de 70% da população, o governo colocou a polícia anti-terrorista para ''investigar'' todos os manifestantes. Mesmo assim, ninguém deixa o acampamento, que tem recebido a solidariedade de muitos outros sindicatos e da população que continua a enviar água e alimentos.