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Fim de ACM deixa carlistas dividos e desorientados

Fez-se muita política neste sábado (21) em meio ao clima de consternação do velório de Antonio Carlos Magalhães. O público do lado de fora do Palácio da Aclamação gritava palavras de ordem louvando o homenageado. Uma claque com camisetas com a foto d

Dentro, outros carlistas de primeira grandeza demonstravam pesar pela morte de ACM, mas não tinham os nomes lembrados nas cantorias vindas da rua. Foram esquecidos Paulo Souto, ex-governador da Bahia e presidente estadual do Democratas, o senador Cesar Borges (DEM-BA) e até o agora senador Antônio Carlos Magalhães Júnior, que era suplente e assumirá a cadeira do pai.


 


A morte de ACM deixou o carlismo fragmentado e desorientado. Em maio, parte dos carlistas -inclusive seu comandante maior- cogitaram migrar para o PDT. Estava em jogo o comando local da legenda. Houve um armistício. Todos ficaram onde estão e Paulo Souto foi eleito presidente.
Mas o amálgama era ACM. Sem ele, as chances de os carlistas ficarem unidos é incerta. A Folha esteve no velório e falou com mais de duas dezenas de membros dessa corrente política. Um parente chegou a desabafar, na condição de não ter o nome citado: “Com a morte de ACM acaba o carlismo. Agora, existe o Democratas da Bahia”.


 


A Bahia tem o quarto maior eleitorado do país. Nas épocas áureas do carlismo, o DEM tinha de 25% a 30% de seus votos em eleições no Brasil vindos do Estado. Paulo Souto, derrotado para o governo em 2006, tenta contemporizar. “O carlismo já há algum tempo teve suas características alteradas. Mas devemos buscar o consenso”, diz.


 


ACM Neto, em seu segundo mandato de deputado federal e aos 28 anos, é o mais operante dos descendentes de ACM na política. Tem no seu encalço Luís Eduardo Magalhães Filho, filho de Luís Eduardo Magalhães -morto em 1998.


 


Júnior, ficará com a cadeira do pai, nunca teve pretensões eleitorais. Já esteve no Senado de maio de 2001 até 2003, quando ACM renunciou para não ser cassado. Ao deixar o mandato, chegou a dizer à época: “Seria a mesma coisa que se eu estivesse ocupando a vaga”. Não foi o que aconteceu. Júnior nunca demonstrou gosto pela política como seu pai.


 


Há outro componente imbricado com disputa interna no carlismo -a sucessão do espólio de ACM entre seus familiares. Ele comandava os negócios. Agora sua mulher Arlete poderia desempenhar a função -mas há indicações de que as operações passarão para a segunda geração dos Magalhães.