PMDB aprova aproximação com PCdoB em SP
As executivas estaduais do PMDB e PCdoB se encontraram na última semana em São Paulo para definir ações conjuntas de aproximação política das duas legendas. Os peemedebistas aprovaram em sua direção estadual a orientação de realizar contatos com os comuni
Publicado 24/07/2007 19:24 | Editado 04/03/2020 17:19
O vice-presidente estadual do PMDB, Marcelo Barbieri, em entrevista ao Vermelho-SP, apresenta uma análise da situação política de São Paulo:
Vermelho-SP: Como você avalia o encontro das executivas estaduais do PMDB e do PCdoB?
Marcelo Barbieri: A reunião ocorreu em um clima de amizade, nós estamos buscando esta aproximação com o PCdoB já há alguns anos. Na eleição passada procuramos o PCdoB para compormos uma aliança para o governo estadual, mas já estava muito em cima e as articulações não deram certo. Estamos buscando refazer as relações que tínhamos nos anos 80 entre os dois partidos. A reunião das executivas do PMDB e do PCdoB teve como intenção formular uma proposta de trabalho comum. Nós do PMDB, aprovamos na direção estadual, uma orientação de termos uma relação de diálogo privilegiado com o PCdoB em todas as regiões do estado e verificarmos a oportunidade de trabalho conjunto.
Vermelho-SP: Qual o contexto político desta aproximação?
Barbieri: O PMDB e o PCdoB apóiam o governo do presidente Lula porque consideramos que este governo tem elementos importantes para promover o desenvolvimento do país. Mas assim como o PCdoB, o PMDB também considera que é necessário avançar nas ações do governo federal, que é possível e necessário o Brasil crescer mais do que está colocado como meta pelo governo e o Estado tem um papel fundamental para projetar este crescimento. Consideramos que o PMDB e o PCdoB são partidos importantes para travar a luta política sobre quais rumos esse governo deve tomar. E somos críticos às ações equivocadas do governo quando não consegue dar as respostas necessárias para o crescimento econômico do país.
Vermelho-SP: Em quais condições pode ocorrer uma ação conjunta entre o PMDB e o PCdoB?
Barbieri: O PMDB e o PCdoB têm trabalhos comuns nos diversos segmentos organizados da sociedade. No movimento sindical, de juventude e estudantil, nas associações de moradores, no movimento de mulheres. Já atuamos juntos em diversos movimentos populares e devemos intensificar essa aproximação. Outro trabalho fundamental são as eleições de 2008, temos a vontade política de traçarmos juntos com o PCdoB, os principais locais no estado onde pode haver alianças políticas. É claro que temos que respeitar a realidade de cada cidade e cada região, mas o movimento das direções estaduais visam aproximar os entendimentos e possíveis alianças locais.
Vermelho-SP: O PMDB se prepara para o processo de disputa em 2008?
Barbieri: A política de lançar candidaturas próprias nos locais do estado depende das articulações de alianças com as forças políticas. Por exemplo, em Campinas o PCdoB e o PMDB apóiam a administração do Doutor Hélio (PDT), a depender das articulações locais podemos caminhar juntos com essa candidatura. Temos condições de realizar conversas amplas em São Paulo, Osasco, Carapicuíba, no ABC, onde se concentram cidades importantes, Santos, Araraquara, onde procuro viabilizar minha candidatura a prefeito, Americana, enfim, queremos dialogar amplamente. Marcamos uma nova conversa entre as executivas estaduais para agosto e passar em revista as 40 principais cidades do estado, verificar a situação do PCdoB e do PMDB, as dificuldades e facilidades de aproximação, como gesto inaugural desta nova relação política.
Vermelho-SP: Na política estadual, como você avalia o governo Serra?
Barbieri: O governo Serra está começando agora, tem menos de um ano de mandato, é preciso verificar como será o seu comportamento com mais tempo. Contudo já é possível destacarmos alguns elementos críticos importantes. Por exemplo, o governo Serra errou na crise das universidades, a tentativa de tirar a autonomia da USP, Unesp e Unicamp criou uma situação de dificuldade para o governo. Nós do PMDB fomos contra as medidas do governo, a autonomia é uma conquista das universidades públicas durante o governo Quércia, que garantiu não apenas a tese da autonomia, mas a sua implantação financeira com dotação orçamentária própria e tudo mais. Outra marca importante do governo Serra é sua característica centralizadora, enfraquecendo as regiões do interior paulista, fechando escritórios e delegacias de representações em várias pastas importantes, em um movimento contrário ao de administrações inovadoras do mundo inteiro que optam justamente pela descentralização administrativa. É importante destacar que o governo Serra também não deu resposta e não demonstrou ainda a capacidade de realizar mudanças em setores fundamentais, como saúde e educação, onde temos uma opinião crítica com relação ao governo.
Rodrigo de Carvalho, pelo Vermelho-SP