Franceses cobram presença de Sarkozy na Líbia
O presidente francês Nicolas Sarkozy, em meio à polêmica na Europa sobre possíveis concessões realizadas ao governo líbio para a libertação dos médicos e enfermeiras búlgaros, encontrou-se na quarta-feira (25) com Muamar Kadafi, presidente líbio.
Publicado 26/07/2007 17:35
Apenas um dia após os búlgaros terem aterrizado em Sófia, capital da Bulgária, após oito anos da prisão na Líbia acusados de contagiar mais de 400 crianças líbias com o vírus HIV, e sem perder tempo, o avião presidencial francês voava até Trípoli.
Numa curta visita de cerca de 24 horas, Sarkozy e Kadafi firmaram 27 acordos de cooperação militar, industrial e sobre o uso pacífico da energia nuclear, que marcam o início da normalização das relações entre a União Européia e o governo líbio.
A Secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, também anunciou na tarde de quarta-feira (26) sua intenção de visitar “em breve” o país africano. Porém muitas vozes se perguntam a que preço foi conseguida esta reconciliação.
Recorde-se que o próprio Sarkozy negou que França ou UE tivessem pago “um só euro” para a libertação dos médicos búlgaros, muitas incógnitas sobre como foram levadas a cabo as negociações secretas seguem sem resposta.
Algumas fontes européias destacam claramente que a UE acabou por pagar um “resgate” pelos búlgaros , mas também é evidente que a Líbia, produzindo cerca de 36.000 barris de petróleo diariamente e com uma esperança de vida de suas jazidas de 61 anos de exploração ao ritmo atual, é um lugar atraente para Bruxelas e França.
A última espera também poder entrar no mercado de armamento líbio e, quanto à indústria nuclear civíl, a Libia já mantém contatos com a Areva, o gigante francês da energia nuclear.
Para algumas mídias européias, a libertação dos médicos búlgaros foi uma carta bem jogada por Kadafi. O país volta à comunidade internacional com muita dignidade.
Os Estados Unidos e a UE cortaram relações diplomáticas com a Líbia em 1980 e, em 1988, responsabilizaram o governo do país pelo atentado contra um vôo da Pan Am, na Escócia, no qual 270 pessoas – na maioria americanos – morreram.
Em 2004, os EUA suspenderam várias das sanções econômicas que impunham ao país africano e restabeleceram ligações com a Líbia. No entanto, a exportação de armas e o investimento no setor de petróleo permaneceram limitados.
Mesmo assim, o governo da Líbia convocou, nesta quirta-feira o primeiro-secretário da embaixada da Bulgária em Trípoli, para protestar oficialmente contra o perdão dado, na terça-feira, às enfermeiras e ao médico búlgaro, informaram as fontes oficiais.