Franceses cobram presença de Sarkozy na Líbia

O presidente francês Nicolas Sarkozy, em meio à polêmica na Europa sobre possíveis concessões realizadas ao governo líbio para a libertação dos médicos e enfermeiras búlgaros, encontrou-se na quarta-feira (25) com Muamar Kadafi, presidente líbio.

Apenas um dia após os búlgaros terem aterrizado em Sófia, capital da Bulgária, após oito anos da prisão na Líbia acusados de contagiar mais de 400 crianças líbias com o vírus HIV, e sem perder tempo, o avião presidencial francês voava até Trípoli.



Numa curta visita de cerca de 24 horas, Sarkozy e Kadafi firmaram 27 acordos de cooperação militar, industrial e sobre o uso pacífico da energia nuclear, que marcam o início da normalização das relações entre a União Européia e o governo líbio.



A Secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, também anunciou na tarde de quarta-feira (26) sua intenção de visitar “em breve” o país africano. Porém muitas vozes se perguntam a que preço foi conseguida esta reconciliação.



Recorde-se que o próprio Sarkozy negou que França ou UE tivessem pago “um só euro” para a libertação dos médicos búlgaros, muitas incógnitas sobre como foram levadas a cabo as negociações secretas seguem sem resposta.



Algumas fontes européias destacam claramente que a UE acabou por pagar um “resgate” pelos búlgaros , mas também é evidente que a Líbia, produzindo cerca de 36.000 barris de petróleo diariamente e com uma esperança de vida de suas jazidas de 61 anos de exploração ao ritmo atual, é um lugar atraente para Bruxelas e França.



A última espera também poder entrar no mercado de armamento líbio e, quanto à indústria nuclear civíl, a Libia já mantém contatos com a Areva, o gigante francês da energia nuclear.



Para algumas mídias européias, a libertação dos médicos búlgaros foi uma carta bem jogada por Kadafi. O país volta à comunidade internacional com muita dignidade.



Os Estados Unidos e a UE cortaram relações diplomáticas com a Líbia em 1980 e, em 1988, responsabilizaram o governo do país pelo atentado contra um vôo da Pan Am, na Escócia, no qual 270 pessoas – na maioria americanos – morreram.



Em 2004, os EUA suspenderam várias das sanções econômicas que impunham ao país africano e restabeleceram ligações com a Líbia. No entanto, a exportação de armas e o investimento no setor de petróleo permaneceram limitados.



Mesmo assim, o governo da Líbia convocou, nesta quirta-feira o primeiro-secretário da embaixada da Bulgária em Trípoli, para protestar oficialmente contra o perdão dado, na terça-feira, às enfermeiras e ao médico búlgaro, informaram as fontes oficiais.