Parlamento turco terá 24 representantes do Curdistão
Pela primeira vez a minoria curda irá formar um grupo parlamentar com 24 deputados na Grande Assembléia Nacional, em resultado das eleições realizadas no domingo (22), que renovaram a vitória do partido governista da Justiça e do Desenvolvimento (AKP) do
Publicado 26/07/2007 15:57
Os 24 deputados curdos foram eleitos na sua região, no sudeste da Turquia, onde os candidatos do DTP (Partido da Sociedade Democrática), que concorreram como independentes, conseguiram recolher quase tantos votos como o partido vencedor da votação, o AKP (Partido da Justiça e do Desenvolvimento), do atual primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan.
A formação de um grupo parlamentar de curdos é um fato inédito que pode constituir o início de uma nova etapa para o povo curdo. O dirigente do DTP, Ahmet Türk, congratulou-se com o resultado histórico, afirmando que o grupo parlamentar lutará pela abertura de um novo processo “numa Turquia democrática em que os curdos possam expressar-se em liberdade”.
“Tentaremos alcançar estes objetivos através da reconciliação e do diálogo”, declarou Ahmet Türk perante as câmaras da televisão.
O próprio vencedor das eleições, Recep Erdogan (cujo partido alcançou uma expressiva maioria de 46,4% e 341 deputados num total de 550), garantiu na noite eleitoral que a delicada questão curda será uma das primeiras a ser abordada pelo novo parlamento.
Nas eleições de 2002, o movimento nacional não logrou ultrapassar a barreira dos dez por cento, ficando assim privado de representação parlamentar. Mais no passado, está ainda a dura experiência dos quatro representantes eleitos em 1991, entre eles a conhecida advogada Leyla Zana, os quais acabaram os respectivos mandatos na prisão.
A sua expulsão da assembléia foi motivada pelo discurso de Leyla Zana, na cerimônia de posse, apelando, em língua curda, ao estabelecimento de relações de fraternidade entre os povos turco e curdo.
Desde que o ilegalizado Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) iniciou a sua luta armada, em 1984, mais de 35 mil pessoas morreram no conflito, entre membros da guerrilha, militares turcos e população civil.
Forte participação
Após as gigantescas manifestações de abril contra o alegado programa de Erdogan para a islamização do país, os eleitores turcos afluiram em massa às urnas (a abstenção ficou abaixo de 20%) para renovarem a maioria do AKP, que registou uma subida da votação de 13%, em relação às eleições de 2002.
Para além deste partido de islâmicos moderados, que coloca a adesão à União Européia entre as suas prioridades, a segunda formação com representação no hemiciclo é o CHP (Partido Republicano do Povo), de orientação laica, que obteve 20,8% dos votos, mantendo o resultado das legislativas anteriores.
Por fim, a terceira força parlamentar será formada pelo Partido de Ação Nacionalista (MNP), com 14,2% dos votos e 70 deputados, que superou o resultado de 2002 (8,3%), ano em que ficou de fora da assembléia. Esta formação de extrema-direita defende o restabelecimento da pena de morte e o abandono das negociações de adesão à União Européia, afirmando-se como um inimigo declarado da causa curda.