Festival de Veneza promove ataque ao cinema latino-americano

Foi com uma paulada no cinema latino-americano que Marco Müller, diretor do Festival de Veneza, explicou a exclusão de filmes da região na disputa pelo Leão de Ouro neste ano, que ocorre de 22 de agosto a 9 de setembro. Para Müller, as 223 obras inscritas

Na manhã de quinta-feira (26), enquanto o diretor de Veneza criticava o cinema latino, o roteirista e diretor uruguaio Sebastián Bednarik (La Matinée) estava em São Paulo, preparando-se para discutir com colegas seus do Paraguai, México e Equador sobre a “Nova Geografia” do cinema, do ponto de vista da América Latina.


 


O debate foi promovido pelo 2º Festival de Cinema Latino-Americano, no Memorial da América Latina, onde acontece a maioria das sessões e das atividades do festival. Após a conversa, Bednarik, de 31 anos, ponderou sobre o veredicto de Müller. Com a palavra, Bednarik:


 


“Não sei se Marco Müller falou isso expressando um gosto pessoal ou fazendo uma análise de outra natureza sobre se são bons ou ruins os filmes da América Latina. Talvez os filmes que mandaram para Veneza não fossem mesmo tão bons. Mas me soa muito estranho o que ele diz, porque tenho visto filmes latinos muito superiores aos europeus”.


 


Brasileiro radicado no Paraguai há uma década, José Eduardo Alcázar – que tem “entre 22 e 55 anos” e estreou no festival latino o longa digital US/Nosotros – contra-ataca: “Quando foco é importante, o filme é uma merda. De que qualidade estamos falando? Acho isso um preciosismo, até uma alienação. Eu prefiro a mensagem, a proposta de uma visão que pode ser dos Estados Unidos, do Japão, não importa. O que importa é o olhar de um autor”.


 


Brasileiros


 


Se o cinema brasileiro foi totalmente ignorado por Marco Müller para a disputa do Leão de Ouro, ao menos um cineasta brasileiro recebeu do festival o espaço que merece. Júlio Bressane teve seu Cleópatra incluído na seção “Mestres de Veneza”. Ao lado de quem? Woody Allen, Takeshi Kitano, Claude Chabrol, Manoel de Oliveira e Im Kwon-taek. Nada mal, não?! Cleópatra, que ainda não tem data para estrear no Brasil, recontará a história da mítica rainha egípcia com Alessandra Negrini como a protagonista e Miguel Falabella como Júlio César.


 


E, para fechar a conversa, a revista Hollywood Reporter divulgou nesta sexta-feira (27) sua lista dos 50 latinos mais poderosos na indústria de TV e cinema dos EUA. “Los Tres Amigos” – Alfonso Cuarón, Alejandro González Iñárritu e Guillermo del Toro –  lideram a relação. Os diretores mexicanos  aparecem no topo graças ao projeto conjunto de cinco filmes negociado com a Universal em maio.


 


Fernando Meirelles surge no 20º lugar, com muitos elogios a Cidade de Deus e a O Jardineiro Fiel. Já Walter Salles é o 25º, considerado “um dos mais urgentes cineastas trabalhando dentro e fora de Hollywood”.


 


Da Redação, com informações do blog Ilustrada no Cinema