Peru: Sob protestos, Alan García comemora 1º ano de governo
O presidente do Peru, Alan García, cumprirá neste sábado (28) o primeiro ano de seu segundo mandato (2006-2011), em meio a protestos e insatisfação popular, enquanto os índices oficiais mostram um crescimento econômico de 7% ao ano. As manifestações contr
Publicado 28/07/2007 13:54
O Peru está às voltas com greves na maioria dos estados e marchas que, em alguns casos, terminaram em confrontos com a polícia. Onze pessoas morreram em enfrentamentos, que ocasionaram ainda dezenas de feridos, presos e danos materiais significativos.
Eleito com 45% dos votos, García obteve 63% de aprovação um mês depois de assumir a presidência. Ao iniciar seu governo, García pediu aos peruanos “dois anos para amadurecer os resultados” das primeiras ações de um plano de emergência de 180 dias apresentado na ocasião.
Após um ano, porém, seu índice de popularidade caiu substancialmente e se inverteu – a desaprovação chegou a 64%, segundo pesquisas. Sindicatos e organizações regionais anunciaram nesta semana que continuarão protestando caso o governo não atenda às suas principais demandas.
As principais reivindicações dizem respeito aos milhões de indivíduos que vivem em níveis críticos de pobreza. A população peruana é de cerca de 28 milhões de habitantes, dentre os quais 13 milhões são pobres e não menos de 7% vivem em pobreza extrema.
Apoio fujimorista
Para enfrentar as mobilizações, o governo apelou aos militares para que “resguardassem a ordem”. A pretexto da luta contra o narcotráfico, ampliou os poderes das forças de segurança – atitude que opositores e entidades defensoras dos direitos humanos descreveram como uma política repressiva.
García tem como principais aliados os setores vinculados ao agronegócio e os empresários da Confederação Nacional de Instituições Empresariais Privadas (Confiep), principal entidade do setor. No Congresso, García é apoiado pelo bloco dos legisladores fujimoristas, comandado pela filha do ex-presidente Alberto Fujimori.
A economia mantém um ritmo de crescimento de 7%, com exportações – de minerais, sobretudo – que somam mais de US$ 24 bilhões anuais, enquanto as reservas internacionais somam mais de US$ 23 bilhões, segundo dados oficiais.
A oposição política tem como maior representante o Partido Nacionalista, dirigido pelo tenente coronel da reserva Ollanta Humala. A agremiação avalia que o governo de García “se esqueceu de suas promessas eleitorais, favorece os ricos, repele os excluídos e não atende as demandas sociais de vários milhões de pobres”.
Críticas
O presidente do Conselho de Ministros, Jorge Del Castillo, fez um balanço do primeiro ano de governo e concluiu: “Não estou satisfeito com nada até agora”.
O secretário geral do partido governista, Apra, Mauricio Mulder, declarou que o governo levou ao “extremo” as políticas que define como “de austeridade”. O mandatário disse, em declarações recentes, que “nunca consegue resolver todos os problemas do país”, o que “é a frustração de um governante”.
A dirigente da aliança conservadora de oposição Unidade Nacional, Lourdes Flores Nano, declarou que “o governo pode continuar obtendo crescimento por fatores externos, mas o crescimento deve ser aproveitado para realização de tarefas internas e isso significa garantir uma efetiva reforma do Estado”.
O secretário geral da principal central sindical, a Confederação Geral de Trabalhadores do Peru, Mario Huamán, disse por sua vez que “as promessas não-cumpridas marcaram o primeiro ano de mandato de Alan García. O governo enfrenta desaprovação porque preferiu manter a política econômica herdada do fujimorismo”.