Cortejo lembra revolucionários da Confederação do Equador em Fortaleza

Celebrando o Dia do Patrimônio Cultural, um grande cortejo pelo Centro de Fortaleza relembrou, na tarde desta segunda-feira, 30/7, os mártires da Confederação do Equador no Ceará.

Da Fortaleza de Nossa Senhora de Assunção, onde nasceu a cidade, à Praça dos Mártires, o conhecido Passeio Público, um cortejo reunindo cerca de 500 artistas quebrou a rotina do Centro da capital cearense, levando cidadãos e trabalhadores a participar da manifestação que homenageou revolucionários como Padre Mororó, Azevedo Bolão, Pessoa Anta, Ibiapina, Carapinima, mártires da Confederação do Equador no Ceará.


 


Promovido pela Secretaria de Cultura do Governo do Estado, o cortejo reconstituiu o trajeto dos integrantes da Confederação do Equador que foram condenados à morte por fuzilamento. “A idéia é avivar a memória de fatos importantíssimos da história do Brasil, que foram obscurecidos através dos tempos. Esses mártires, verdadeiros heróis brasileiros, ainda hoje seguem no obscurantismo”, destaca o dramaturgo, pesquisador e compositor Oswald Barroso, coordenador de Patrimônio Cultural da Secretaria. “Queremos que o cortejo também ajude na ressignificação do Centro de Fortaleza, estimulando iniciativas como a colocação de placas com a história de cada ponto e a recuperação das fachadas dos imóveis”, amplia Oswald.


 


O cortejo foi também um ato de reverência às matrizes étnicas da formação do povo cearense, com destaque para os índios e os afro-brasileiros. Sem falar no grande número de manifestações artísticas que foram representadas – estimulando um outro olhar sobre os espaços públicos e destacando lado a lado seus fazeres artísticos, participaram da marcha representantes de maracatus cearenses, reisados, escolas de samba, bandas de música, quadrilhas, corais, capoeiristas e brincantes de circo, entre outras atividades que chamaram atenção de cearenses e turistas e ajudaram a tornar diferente a segunda-feira de trabalho para os comerciários e ambulantes do Centro de Fortaleza.


 



Itinerário histórico


 


A concentração inicial para o cortejo aconteceu na Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, onde foi lembrada a solenidade militar de degradação dos condenados. De lá os participantes saíram, pouco mais de 16h, em caminhada pelo Centro da capital cearense, seguindo pela Av. General Bizerril e parando na Praça dos Leões para apresentação de maracatus, congos e capoeira.


 


À frente da Igreja do Rosário, uma representação abordou a libertação dos escravos. O Museu do Ceará e o Palácio da Luz foram outros pontos de destaque, antes de o cortejo chegar à Praça do Ferreira, onde grupos indígenas apresentaram o ritual do Toré. De lá o cortejo seguiu ao Passeio Público, antigo Campo da Pólvora, onde a execução dos confederados republicanos pelas forças do Império foi lembrada em uma encenação adornada pelo pôr-do-sol na Terra da Luz.


 


A Confederação e o Ceará


 



A Confederação do Equador foi um movimento revolucionário republicano ocorrido em 1824 no Nordeste brasileiro, em reação ao absolutismo do imperador D. Pedro I. A província de Pernambuco, que já se rebelara em 1817 contra o abuso de poder por parte dos portugueses e a dominação política exercida pelo Rio de Janeiro, foi palco do estopim do movimento em julho de 1824 e irradiou os ideais republicanos e libertários para outros estados, Rio Grande do Norte, Paraíba e Ceará, formando a Confederação.


 


Os confederados chegaram a ser responsáveis pelo primeiro jornal cearense, o Diário do Governo do Ceará, dos republicanos. Enquanto em Pernambuco tiveram destaque lideranças como Frei Caneca, no Ceará nomes como Padre Mororó, Azevedo Bolão, Pessoa Anta, José Carapinima e Miguel Ibiapina se transformaram em mártires do movimento.


 


De Fortaleza, Dalwton Moura