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Wall Street Journal em jogo: Murdoch dá ultimato à Dow Jones

Por Cibele Santos (Meio&Mensagem)


Os 36 membros da família Bancroft, rachados ao meio sobre a venda da Dow Jones & Co. a Rupert Murdoch, presidente executivo da News Corp., foram intimados pelo magnata australiano a decidir, at

Noticiado pelo The New York Times, o ultimato foi apresentado quase duas semanas após a aprovação do negócio pelo board da Dow Jones. Murdoch teria afirmado que, se o grupo não aceitar a proposta no prazo determinado, ela será definitivamente retirada.


 


Apesar de os três trustes que controlam as ações com direito a voto da DJ ainda não terem chegado a um consenso, seus acionistas pressionam pela venda. Segundo eles, não há outros compradores potenciais dispostos a aumentar a oferta de US$ 60 por ação da DJ oferecida originalmente por Murdoch (um prêmio de 65% sobre o valor da época). Isso num momento em que os principais indicadores das bolsas de valores continuam em declínio.


 


Na sexta-feira, 27, os papéis do grupo fecharam a US$ 54,70 na Bolsa de Nova York (aumento de 1,8%), após um recuo que seguiu a decisão de um dos trustes da DJ, controlado por um grupo de advogados de Denver, de votar contra o negócio.


 


Lucro em queda


 


O balanço do segundo trimestre da DJ reflete, além da perda geral da receita publicitária dos Estados Unidos, os custos indiretos da valorização dos seus papéis desde a proposta de Murdoch. O lucro do grupo recuou 27% no período, para US$ 21 milhões (ou 25 centavos de dólar por ação), comparado a US$ 28,8 milhões em 2006 (34 centavos por ação).


 


A receita total, que saltou 16%, para US$ 529,7 milhões, foi principalmente alavancada por aquisições na área digital (entre elas Factiva e eFinancialnews), destinadas a incrementar a receita publicitária online e reduzir a dependência dos títulos impressos (o share da receita impressa recuou para 57% do total, segundo o balanço).


 


Mesmo esse resultado, porém, ficou abaixo do esperado: a Reuters Estimates previa receita de US$ 533,9 milhões, enquanto a Dow Jones Newswire verificou que, descontadas as aquisições, o incremento de receita seria inferior a 1%.


 


A receita publicitária da companhia recuou quase 3% no segundo trimestre, arrastada pela queda de 6,8% do seu carro-chefe, The Wall Street Journal (queda de 4,3% entre janeiro e este momento do ano).


 


Até as publicações online não ficaram imunes ao fraco desempenho geral da maioria das editoras, que em média somaram apenas 1 ponto percentual no período. (A receita publicitária das edições online da Dow Jones, incluindo do WSJ, cresceu apenas 2,7%).


 


Crise geral


 


Os resultados da Dow Jones não são os piores da indústria de jornais dos Estados Unidos. Em maio, a receita publicitária do WSJ caiu 3,4%, comparada a um declínio de 6,8% da Gannett (proprietária de uma rede de 85 diários incluindo o de maior circulação, USA Today), de 9,9% da New York Times Co. e de 11,5% da McClatchy (31 diários).


 


Segundo a Newspaper Association of America, a receita total (propaganda impressa e online) do primeiro trimestre recuou para US$ 10,6 bilhões, uma queda ano-a-ano de 4,8%. O segmento mais prejudicado foi o de classificados (queda de 13,2%), dado o menor investimento dos setores imobiliário, automotivo e classificados profissionais.


 


Para reagir à tendência, a maioria das editoras estão investindo pesadamente na Web. A receita publicitária online da indústria cresceu 31,5% em 2006, para US$ 2,7 bilhões; por outro lado, esse volume ainda representa apenas 5% dos US$ 49,3 bilhões de receita publicitária total.