A mídia após a venda do “Wall Street Journal” para Murdoch
O magnata da mídia Rupert Murdoch finalmente realizou o sonho de se tornar dono do grupo Dow Jones e, conseqüentemente, do Wall Street Journal (WSJ), um dos jornais de maior prestígio em todo o mundo. Após mais de três meses de negociaçõ
Publicado 02/08/2007 19:08
A compra é a jóia da coroa na carreira de Murdoch – um empresário agressivo que começou a construir seu império no jornalismo em Adelaide, na Austrália (seu país natal ), ao herdar, ainda muito jovem, duas pequenas revistas. Na década de 60, começou a comprar jornais na Inglaterra – é hoje dono do The Times, entre outros – e, na década de 70, chegou aos Estados Unidos, ao comprar o New York Post.
Hoje, ele é dono de 175 jornais em todo o mundo, além de controlar empresas de televisão, cinema e internet. É natural que a aquisição da Dow Jones mude a correlação de forças na mídia mundial. Mas qual mudança, exatamente, haverá no cenário?
Jornalismo econômico
Murdoch prepara para outubro o lançamento de um canal de notícias econômicas – o Fox Business Network – que vai concorrer diretamente com a Bloomberg Television e a CNBC, da NBC Universal, que é controlada pela General Electric. Obviamente, com a força da marca Dow Jones por trás, o novo canal de Murdoch nasce com um potencial muito maior de causar estragos na seara dos concorrentes.
O empresário também pretende mudar o Wall Street Journal. A ambição de Murdoch é transformá-lo em rival direto do New York Times como o jornal que dita a agenda diária nos Estados Unidos. A chegada de Murdoch ao WSJ também põe mais pressão sobre o britânico Financial Times, do grupo Pearson – os dois dividem o posto de jornal de economia mais influente do mundo.
O Financial Times tem hoje uma influência maior, por exemplo, na Ásia e na Europa, continentes em que o Wall Street Journal – por questões de redução de custos – teve de dedicar menos esforços. Mas Murdoch não esconde o interesse que tem nesses locais.
Acordo
O acordo entre a News Corp., de Murdoch, e a Dow Jones foi fechado na noite de terça-feira. Em comunicado conjunto divulgado ontem, as duas empresas disseram que membros da família Bancroft que detêm cerca de 37% do total de votos da Dow Jones apoiavam o negócio. O nível de apoio representa mais da metade dos 64% dos votos detidos pela família na companhia.
Os outros acionistas da Dow Jones ainda precisam aprovar a operação. Mas, segundo analistas, essa é uma etapa que está praticamente garantida, dado o ágio de 65% oferecido por Murdoch na compra da companhia.
Segundo os termos do acordo, os acionistas da Dow Jones receberão US$ 60 em dinheiro por ação ordinária ou classe B que possuam. A Dow Jones divulgou recentemente que tinha cerca de 85,4 milhões de ações em circulação, o que valoriza a operação em US$ 5,1 bilhões.
Comissão
Um membro da família Bancroft ou outra pessoa “mutuamente aceitável” será indicada para o conselho da News Corp., informaram as empresas. Elas também concordaram com a criação de uma comissão composta por cinco membros que vai supervisionar a independência editorial das operações de notícias da Dow Jones.
A Dow Jones também discute um plano para a News Corp. cobrir as custas legais registradas pela família Bancroft e que somam pelo menos US$ 30 milhões, segundo uma fonte.
O império de Murdoch
– Jornais: Divisão, que tem títulos como The Times e New York Post, faturou US$ 4,2 bilhões em 2006
– Revistas: Divisão que faturou US$ 1,1 bilhão tem como destaque a The Weekly Standard
– Livros: A editora Harper Collins faturou US$ 1,3 bilhão em 2006
– Cinema: A 20th Century Fox, teve receita de US$ 6,7 bilhões
– Internet: As operações na web, que têm como destaque o MySpace, faturaram US$ 1,7 bilhão
– Televisão: Com a rede Fox, receita foi de US$ 5,4 bilhões
– TV a cabo: Receita da Fox News Channel foi de US$ 3,6 bilhões
– TV por satélite: Com a DirecTV e a BSkyB, faturou US$ 2,8 bilhões