Metalúrgicos de Caxias fecham melhor acordo do estado

Após cerca de 90 dias de campanha salarial, os metalúrgicos de Caxias do Sul aprovaram, em assembléia geral, a proposta de acordo firmada no Tribunal Regional do Trabalho. O índice ficou em 6,5%, quase o dobro da inflação do período e, mais uma vez, o

Os mais de 300 trabalhadores que lotaram o auditório do sindicato no sábado (4) pela manhã, reconheceram que a proposta, apesar de não ser a ideal, garante avanços para a categoria, como é o caso do reajuste em mais de 10% para os pisos. Outra questão reconhecida pelos trabalhadores foi o esforço realizado pela direção do sindicato, que levou a negociação – já no Tribunal do Trabalho, por iniciativa dos patrões – até o limite que era possível. A proposta apresentada na assembléia foi a última alternativa de conciliação colocada pelo judiciário, o próximo passo seria o julgamento, que poderia ser desfavorável aos trabalhadores. Isto porque o histórico recente diz que as categorias que têm seus dissídios ajuizados e julgados, em geral, tem garantido apenas o INPC do período.


 


Campanha com grande mobilização


 


Uma das principais características da campanha salarial deste ano, foi o grande envolvimento dos metalúrgicos. A categoria deu, na opinião dos sindicalistas, exemplo de dignidade e solidariedade. O sindicato, para além do índice de reajuste, priorizou o debate com os trabalhadores e a sociedade sobre a necessidade da valorização do trabalho da categoria e a ampliação de direitos. Este fator foi decisivo, na opinião do presidente do sindicato, Assis Melo, para que tenha ocorrido tanto apoio da comunidade e mobilização dos metalúrgicos. ''Mostramos que o metalúrgico está preocupado sim com o desenvolvimento da região, por isso nos mobilizamos em torno da causa justa da valorização do trabalho, e por mais direitos, como piso mais alto, redução da jornada, auxílio-creche, entre outros. E esta é uma luta que não acabou aqui. Está apenas começando.''


 


O compasso da campanha foi de ampliação contínua da mobilização dos trabalhadores, e muita briga na mesa de negociação. A primeira proposta patronal foi de 3,3% de reajuste. Enquanto nas reuniões na mesa de negociação (ocorreram mais de 10), quase não havia avanços, a mobilização era crescente.


 


Nos últimos dias da campanha, os patrões optaram por impedir, a qualquer custo, a participação da categoria nas atividades de dissídio. A maioria das empresas solicitou ao judiciário o impedimento de o sindicato fazer atividades nas portas das fábricas – os Interditos Proibitórios – concedidos pela 4ª Vara do Trabalho. ''Os patrões se valeram do instrumento do Estado para nos afastar dos trabalhadores, mas a categoria veio junto com a direção do sindicato, o que foi fundamental para alcançarmos um bom acordo,'' declarou Melo. ''Eles podem usar de todo os artifícios para tentar nos intimidar, mas nós, com o apoio da categoria e também com sabedoria e cautela, conseguimos conduzir a campanha salarial'', desabafou.


 


Junto com os Interditos, a patronal rompeu com as negociações e encaminhou o dissídio para o TRT (Tribunal Regional do Trabalho). No Tribunal foram três reuniões de conciliação. A primeira no dia 31 de julho, e as demais nos dias 2 e 3 de agosto.


 



Avanços


 


No Tribunal a postura dos patrões manteve-se de intransigência. A primeira proposta apresentada pelo judiciário, no dia 31, foi considerada boa pelos trabalhadores, mas os empresários recusaram. Por causa disso foram necessárias mais duas reuniões, até que se chegasse a um consenso. Na avaliação dos sindicalistas os termos alcançados para o fechamento do acordo são conquistas importantes. O índice de 6,5% representa o melhor acordo da categoria no RS e quase o dobro do INPC de junho (3,97%), data-base da categoria.


 



O que diz a proposta


 



– Reajuste de 6,5% (já contabilizada a antecipação de 1,2% a ser concedida em setembro de 2007)
– Reajuste dos pisos normativos de 10,4% sobre junho de 2006. Para empresas de até 50 funcionários, o piso passa para R$ 497,20. Para empresas com mais de 50 funcionários, passa para R$ 563,20
– Auxílio-creche para filhos de funcionárias até a idade de 24 meses, com valor de 50% do custo, limitado a R$ 130
– Auxílio-transporte com desconto de até 5% sobre o salário nominal
– As horas que foram perdidas em julho durante as paralisações e a greve deverão ser compensadas até 31 de dezembro. As demais, de maio e junho, poderão ser compensadas ou descontadas, a critério das empresas. Os benefícios a que os trabalhadores têm direito não serão perdidos
– Demais cláusulas sociais permanecem como as vigentes