Saúde mental dos trabalhadores preocupa Fecosul e sindicatos

Instrumentalizar os dirigentes sindicais para entender melhor o relacionamento entre organização do trabalho e o processo de adoecimento físico psíquico dos trabalhadores. Este foi o objetivo principal da oficina de Saúde Mental e Trabalho realizado pe

Conforme os instrutores, as políticas atuais de produtividade e atingimento de metas têm se mostrado extremamente ameaçadoras para a manutenção da saúde mental dos trabalhadores em geral e dos comerciários em especial. A pressão pelas vendas em clima de competitividade muitas vezes tem como conseqüência o adoecimento dos empregados. Entre as doenças mais freqüentes estão depressão, vários tipos de somatização, absenteísmo, desmotivação, alcoolismo, entre outras. O pensamento mais comum, demonstrado pelas empresas, é a individualização do problema, atribuindo ao indivíduo certa fraqueza perante as exigências ou reduzindo o processo de adoecimento à esfera da vida privada. Estas foram alguns dos problemas debatidos com os participantes e os instrutores da oficina Fabrício Rocha, José Mario Neves e Patrícia Kirst do Centro de Formação e Inclusão Social – CFIS – e Nexus Desenvolvimento Institucional.


 


Ainda segundo eles, neste quadro desfavorável de relações de trabalho mais qualificadas e favoráveis à saúde mental no trabalho, o objetivo é sensibilizar os sindicatos de trabalhadores e patronais da necessidade de uma abordagem coletiva da saúde mental. Além disso, de se incluir nas negociações coletivas (dissídios) formas de identificar problemas de saúde mental nos trabalhadores. E inserir dispositivos para a construção de ações a serem desenvolvidas pelos sindicatos e pela Fecosul a partir da identificação de elementos psicopatológicos.


 


No final da oficina foram apontados alguns problemas que contribuem para afetar a saúde mental dos trabalhadores no comércio e serviços. São eles: assédio moral, excesso de trabalho, acúmulo de função, alteração nas formas de remuneração de forma unilateral, pressão para atingimento de metas. Para estes problemas os participantes apontaram algumas questões que podem ser discutidas com as empresas, como: redução da jornada de trabalho sem redução salarial, impressão de extrato da carga horária cumprida (como documento), metas de vendas possíveis de serem atingidas, mais conversa entre chefias e empregados, mais conversas e acordos entre empresas e sindicatos para melhorar as condições de trabalho.


 



Dirigentes mais capacitados



Para Almeri Finger de Castro, presidente do Sindicato dos Comerciários de Lagoa Vermelha, a oficina foi ótima para perceber o que se pode fazer dentro da entidade para melhorar a saúde mental dos trabalhadores. “Ainda estamos despreparados psicologicamente e ainda temos medo de enfrentar os problemas psicológicos da categoria. Esta oficina serviu para nos capacitar para lidar com estes problemas”, acrescentou a sindicalista.


 


Já o presidente do Sindicato de Sarandi, Jorge Antunes Melo, disse que a oficina foi bem produtiva e ajudou a esclarecer muitas questões que envolvem o dia-a-dia dos comerciários. “Um exemplo que temos na nossa cidade é que estamos discutindo o trabalho aos sábados a tarde e aos domingos. Hoje alguns trabalhadores até estão achando interessante mas não estão pensando que o excesso de trabalho pode prejudica-los mais adiante”, explica Melo. O dirigente acrescenta que o excesso de trabalho é uma dos fatores afeta a saúde mental dos trabalhadores no comércio. 


 


 


Na avaliação do secretário de Saúde e Previdência da Fecosul, Luiz Fernando Lemos, a experiência foi além da expectativa. “Esse foi apenas o primeiro passo para consolidar uma política de melhorias de saúde mental nos trabalhadores do comércio e de serviços”, informa Lemos. Ele acrescenta que outras turmas deverão ser formadas e que acredita na importância de um fórum permanente de discussão de saúde mental na Federação com os sindicatos filiados. 


 


Marcia Carvalho