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Renan leva ao plenário acusação contra a Veja 

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) ocupou a tribuna do plenário nesta terça-feira (7), para um contra-ataque. Acusou a revista Veja, que voltou a atacá-lo neste fim de semana, de se basear num ''relato inverídico e rancoroso'', e d

Sobre a denúncia publicada na edição de Veja deste final de semana, de que teria se utilizado de ''laranjas'' para comprar duas emissoras de rádio e um jornal diário em Alagoas, Renan Calheiros negou que seja verdadeira e informou que abrirá processo penal e cível contra a revista. Ele criticou aquele veículo de comunicação por ter publicado a acusação sem apresentar provas, baseada em ''um relato inverídico e rancoroso de um desafeto'', o empresário João Lyra, candidato derrotado (PTB) à eleição para o governo de Alagoas em 2006.



''Imaginem o futuro deste Congresso se cada derrotado político conseguir transformar o seu ressentimento em um pseudo-escândalo e em representações'', disse o senador. Ele atribuiu as denúncias que vem sofrendo a brigas políticas paroquiais de interesse regional,  alimentadas por ''derrotados rancorosos''. Entre estes, citou, além de  João Lyra, a ex-senadora Heloísa Helena (PSOL).



''Onde estão as provas dos dólares de Cuba?''



Renan disse que nos últimos anos a Veja vem publicando várias acusações sem provas. E citou exemplos: ''Onde estão as provas dos dólares de Cuba em caixas de uísque, onde estão as provas de envolvimento das Farc com o MST, onde está a prova de que o presidente Lula seria o sujeito oculto de organizações criminosas?'', perguntou o senador, referindo-se a temas de capa da revista.



A Editora Abril, que publica a Veja, foi acusada por Renan Calheiros de tentar protagonizar um negócio fraudulento de cerca de R$ 1 bilhão. Segundo o senador, a Abril, à margem da lei, está negociando com a espanhola Telefônica a venda da sua operadora de TV por assinatura, a TVA.



''A transação é uma fraude e fere o interesse nacional. Segundo o conselheiro, fere a lei de TV a cabo, que não estaria sendo observada, uma vez que seu objetivo é assegurar que as decisões em concessionárias de TV a cabo sejam tomadas exclusivamente por brasileiros'', disse Renan. ''Isso sim deveria despertar o pendor investigativo do Senado, da mídia; isso sim é um escândalo, isso sim é vender concessões a estrangeiros prejudicando o interesse nacional.''



A primeira ''pseudodenúncia''



Renan Calheiros afirma estar sendo vítima de um ''impiedoso e irresponsável ataque que já se transformou em campanha''. E  disse que tudo começou com uma ''pseudodenúncia'' da Veja, de que ele teria recorrido a recursos privados para bancar parte de suas despesas pessoais. O senador lembrou que, apesar de as denúncias não terem sido apresentadas com documentos comprobatórios, ele tomou a iniciativa de apresentar provas negativas.



''Devassei minhas declarações de renda, minha vida contábil, minha vida fiscal e minha vida bancária como poucos o fazem ou fizeram, mostrando que não tenho nada a temer, não tenho nada a esconder. Continuo não tendo nada a ocultar. Não tenho, repito o que disse, patrimônio clandestino. Fui eu, não esqueçam, através de ofício encaminhado há 30 dias, quem solicitei ao Ministério Público a investigação de todas as denúncias, sem exceção'', declarou Renan Calheiros.



''Não esperem que eu seja sócio passivo de um rito sumário'', proclamou Renan, reiterando que não renunciará. Ele disse também que usará de todos os direitos que a democracia lhe confere e que não abdicará do direito de defesa.



DEM e PSDB querem obstruir até derrubar



Ao contrário da primeira defesa de Renan da tribuna do Senado, em 28 de maio, depois da qual se formou uma longa fila suprapartidária para cumprimentar o orador, desta vez ele teve que enfrentar o fustigamento dos senadores oposicionistas. Chegou a bater boca com o líder do DEM (ex-PFL), José Agripino (RN), dizendo que este, ''se sofresse a pressão que sofro por duas semanas, não agüentaria''.



As bancadas do DEM e do PSDB, em reuniões consecutivas e articuladas, decidiram encaminhar representação contra Renan Calheiros à Mesa Diretora da Casa, visando investigar as últimas denúncias da Veja. Decidiram também obstruir as votações no Senado em um movimento de pressão pela renúncia do presidente da Casa.



O primeiro a decidir foi o DEM, que no entanto decidiu aguardar a adesão do PSDB. ''A representação (contra Renan) será feita. Ela já está pronta, só aguardamos a posição do PSDB, que é o parceiro preferencial, para fazermos um documento único e encaminharmos à Secretaria-Geral do Senado para que a matéria chegue ao Conselho de Ética (onde é instalado o processo disciplinar)'', disse Agripino, logo após a reunião.



À tarde, os tucanos apoiaram a idéia. Pediram apenas um estudo técnico ao seu departamento jurídico para evitar surpresas depois que a nova representação for apresentada, pois temem que a nova representação possa prejudicar as investigações que já estão em curso, iniciadas por iniciativa do PSOL depois da primeira carga de denúncias da Veja, em 26 de maio. No entanto, a Mesa decidiu à tarde encaminhar ao Conselho de Ética uma nova representação do PSOL pedindo a investigação das denúncias deste fim de semana, o que faz da decisão do DEM-PSDB um gesto apenas político.



A obstrução é o outro ponto de unidade entre as duas bancadas oposicionistas. O PSDB definiu que só votará as quatro medidas provisórias que trancam atualmente a pauta da Casa, e a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas. ''Depois disso, a gente fecha o balaio e não vota mais nada'', afirmou. ''A idéia é impedir que o presidente Renan presida as sessões do Senado'', explicou por sua vez o líder do DEM.



Da redação, com agências