Criminosos levam 900 peças do Museu do Ipiranga em São Paulo
O Museu Paulista da USP, mais conhecido como Museu do Ipiranga, sofreu um furto de 900 peças de seu acervo de numismática (moedas e notas em dinheiro) no início desta semana. As peças foram levadas de um setor fechado, onde o público em geral não tem aces
Publicado 09/08/2007 20:11
É o maior já ocorrido com peças do museu desde o século 20. A última ocorrência do gênero ocorreu há cerca de 20 anos, quando criminosos levaram uma peça em exposição. De acordo com a vice-diretora da instituição, a museóloga Heloisa Barbuy, o furto foi percebido na segunda-feira (6), quando um funcionário da limpeza encontrou no banheiro um saco de lixo plástico com embalagens em seu interior.
O funcionário levou o saco até a diretoria, que verificou que entre algumas embalagens restavam algumas notas. Imediatamente, os funcionários da diretoria foram ao local onde as peças eram guardadas e verificaram que haviam muitas outras embalagens vazias – invólucros de acetato rígido que protegia cada uma as notas.
“Imediatamente fomos à polícia fazer boletim de ocorrência e só depois percebemos o montante de 900 peças – a maior parte em nota de dinheiro”, afirmou Heloisa. Segundo a vice-diretora, a ocorrência foi feita no 17º Distrito Policial (Ipiranga), que enviou peritos.
Heloisa também foi orientada a procurar a Interpol e a Delegacia de Meio Ambiente e Patrimônio Histórico da Polícia Federal. Peritos federais também foram enviados ao museu. “Percebemos o montante na hora da perícia. Não mexemos mais no local – ficamos com medo”, disse a vice-diretora. “Não estamos acostumados a ser furtados. Nossa área aqui é cultura.”
Segundo Heloisa, ainda não foi possível para o museu estabelecer um valor comercial para as peças furtadas. “O que podemos dizer é que tem, sim, um valor significativo, mas não temos no momento condições de estabelecer. Nossa preocupação é com o valor cultural e histórico.”
A vice-diretora disse que o museu está organizando uma relação completa com as imagens e os valores de cada peça roubada para ser entregue à polícia. Imagens gravadas pelo circuito interno de câmeras foram entregues pelo museu para a polícia.
Todas as pessoas que tiveram acesso ao local onde as notas foram furtadas aparecem nas imagens. “Acreditamos que o furto ocorreu no fim de semana porque na sexta-feira (3) estavam todas aqui”, afirmou Heloisa.
Três coleções
As peças levadas pertencem a três coleções do acervo de numismática. Uma delas é de notas de brasileiras. Da coleção foram levadas notas do período de 1830 a 1940. Entre as cédulas estão as primeiras notas após a independência – do Banco do Brasil e do Tesouro Nacional.
A segunda coleção são notas chamadas de “dinheiro de emergência”, emitidos na Alemanha e na Áustria durante as Primeira e Segunda Guerra Mundial. “Como havia dificuldade de emissão de dinheiro, de circulação do dinheiro oficial, muitas cidades alemãs e austríacas emitiram seu próprio dinheiro para circulação local. O valor era local”, afirmou Heloisa.
A terceira coleção é brasileira, composta por um tipo de dinheiro impresso no Brasil com o sentido semelhante, segundo a museóloga. Eram vales impressos para suprir dificuldades de obtenção de dinheiro.
“Em pequenas cidades do interior do Brasil, no início do século 20, havia dificuldade em obter dinheiro, notas. Então muitos comerciantes imprimiam esses vales, que naquelas localidades valiam como dinheiro”, explica Heloisa.
Da Redação, com informações da Folha Online