Diretor da ANTT critica “rodoviarismo” e apresenta projeto com foco em ferrovias
“A vocação do Brasil é o trilho e não a rodovia. O país já chegou a ter 35 mil quilômetros de ferrovias e hoje só conta com 22 mil. Perdemos 17 mil quilômetros ao longo dos governos anteriores. O que nos um
Publicado 09/08/2007 17:48 | Editado 04/03/2020 16:13
Na opinião de Gregório Rabelo Neto o Brasil não pode crescer 5% ao ano porque não terá como transportar sua produção. “Há necessidade de investir em logística de transporte, principalmente em trilhos”, defendeu.
Para o diretor ferrovias e hidrovias são os sistemas que mais se adequam a infra-estrutura econômica brasileira. “O Brasil precisa construir quatro mil quilômetros por ano de ferrovia. O país é produtor de comodities e isso só dá lucro em produção por escala, que necessita de condições adequadas de transporte”, explicou.
Dentro dessa lógica, a ANTT elaborou o Projeto Brasil Central. Gregório Rabelo Neto pediu apoio da bancada do Centro Norte (Goiás, Tocantins, Pará, Bahia, Maranhão, Rondônia e Piauí) para a aprovação do projeto, que será entregue a Presidência da República no próximo dia 15 de setembro. O diretor enfatizou que mesmo dentro da Agência o projeto foi aprovado com muita dificuldade porque teve que enfrentar a cultura do rodoviarismo.
O deputado Zequinha Marinho sugeriu a inclusão do Projeto Brasil Central no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), sob pena de o discurso do crescimento não sair do papel. Ele está articulando a Frente Parlamentar por Investimentos no Sistema de Logística Multimodal de Transportes, que já conta com a adesão de 131 deputados e 19 senadores.
Zequinha Marinho disse também que o projeto Brasil Central está diretamente ligado as ações da CAINDR que tem entre suas atribuições a integração nacional e o desenvolvimento regional, questões diretamente ligadas a transportes.
Vários parlamentares elogiaram e externaram apoio ao projeto da ANTT. A presidente da CAINDR, deputada Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), reforçou a afirmação de Marinho, lembrando que o Projeto é de interesse nacional e que tem o apoio da Comissão da Amazônia. “Condenamos a realidade perversa dos transportes no Brasil hoje e somos favoráveis a todas as iniciativas que visem mudar este quadro”, disse.
O deputado Asdrubal Bentes (PMDB-PA) afirmou que a Agência pode contar com a bancada do Pará para aprovação do projeto, que na sua avaliação representa possibilidade de geração de emprego e renda para a região Norte. Aproveitou a oportunidade para defender a redivisão territorial do Brasil também como solução na área de transporte.
O deputado IIderlei Cordeiro (PPS-AC) lembrou que há alternativas de escoamento da produção de grãos também pelo estado do Acre. “Esse grande projeto retomará a área de escoamento ferroviária brasileira”, disse. O deputado Márcio Junqueira (DEM-RR) também declarou apoio.
Brasil Central
O projeto Brasil Central foi exposto pela professora Úrsula Beatriz Vieira, da Universidade Federal de Santa Catarina. Consiste em estudos econômicos e de transporte na Região do Brasil Central com vistas a analisar e priorizar projetos de transporte terrestre necessários para atendimento da demanda atual e futura dos fluxos de carga de longa distância.
O Projeto atinge 11 estados e 1.217 municípios, área responsável pela produção de 60% dos grãos do país. Teve como parâmetros os Mapas do Potencial Agrícola do IBGE, de Biomas, o Diagnóstico Ambiental da Amazônia legal e Áreas Especiais e de Áreas já ocupadas com o plantio. Foi elaborado pela ANTT em parceria com Universidade Federal de Santa Catarina e prevê a construção de três ramais de ferrovia Norte-Sul para beneficiar os produtores das regiões Centro-Oeste e Norte e Nordeste.
Um dos objetivos do Projeto é facilitar o transporte de grãos produzidos no Brasil para os Estados Unidos, Europa, Ásia e Argentina. Ele se estrutura em dois eixos principais: no sentido norte-sul, a malha ferroviária ligará as cidades de Belém (PA) a Anápolis (GO); no sentido leste-oeste vai conectar a cidade de Lucas do Rio Verde (MT) a Eliseu Martins (PI). Essa malha ferroviária será interligada ao sistema rodoviário e hidroviário.
De Brasília,
Bety Rita Ramos