Uso da energia nuclear divide ambientalistas e senadores
O uso de energia nuclear com fonte de eletricidade colocou manifestantes e senadores em campos opostos esta semana em Brasília. Na quarta-feira (8), cerca de cem manifestantes do Greenpeace e de outras entidades ambientalistas fizeram um protesto na Es
Publicado 09/08/2007 18:02
Além do Greenpeace, integraram o grupo representantes da SOS Mata Atlântica e da Sociedade Angrense de Proteção Ecológica (Sape). Uma das coordenadoras da Sape, Monique Chessa, admitiu que no município de Angra boa parte da população é favorável à usina, mas muitos estão preocupados com a “precariedade” do plano de evacuação no caso de acidente.
Os senadores Augusto Botelho (PT-RR), Valdir Raupp (PMDB-RO) e Marco Maciel (DEM-PE), já se manifestaram favoráveis ao uso dessa forma de energia.
Augusto Botelho, representando a CCT, que visitou o Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP), que realiza pesquisas sobre energia nuclear e enriquecimento de urânio, defende a realização de investimentos no programa nuclear brasileiro e, para isso, ressalta a necessidade de destinar maior volume de recursos no Orçamento da União para essa finalidade.
Ele lembrou que o Brasil possui uma das maiores reservas de urânio do mundo e afirmou que os procedimentos da Marinha em relação à energia nuclear são seguros.
Mais investimento na geração de energia nuclear também foi defendido por Marco Maciel. Ele destacou que o déficit energético se constitui um dos principais obstáculos ao crescimento econômico do país e que, em sua opinião, essa alternativa energética pode resolver a questão.
Maciel ressaltou ainda que a energia nuclear é uma das fontes mais limpas de energia, e que seu manejo tem se tornado mais seguro nas últimas décadas, apesar de ainda haver preconceitos.
Já para Valdir Raupp, a dificuldade para concessão de licenças ambientais para construção de hidrelétricas pode ser superada com a adoção da alternativa energética nuclear. Na sua opinião, usinas nucleares são ambientalmente mais limpas do que as termelétricas a diesel e a carvão, mas exigem maiores investimentos.
Fonte energética
A energia nuclear tem como uma das principais vantagens a não-utilização de combustíveis fósseis, que lançam gases tóxicos na atmosfera e contribuem com o aumento do efeito estufa. Esse tipo de energia é a terceira fonte energética mais utilizada no mundo, segundo informações da Indústrias Nucleares do Brasil (INB) – empresa subordinada ao Ministério da Ciência e Tecnologia.
No Brasil, a energia nuclear é a segunda fonte de energia gerada (3%), sendo a hidrelétrica a primeira (93,5%). Em terceiro lugar vem o petróleo (1,3%), seguido pelo carvão (1,2%) e pelo gás (1%), de acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica.
O Brasil possui – ainda conforme a INB – a capacidade de geração de 1.855 megawatts de energia nuclear em suas duas unidades em operação – Angra 1 e Angra 2. O Conselho Nacional de Política Energética aprovou, em junho, a construção da usina nuclear Angra 3, que deve custar cerca de US$3,7 bilhões e tem previsão de ser concluída em 2013. A decisão precisa ainda ser ratificada pelo presidente da República.
Com agências