Calheiros: todas representações são inconsistentes

''O que eu fiz com o Senado farei com o Ministério Público. Vou entregar todos os meus sigilos, para que não haja dúvida sobre minha correção'', afirmou o parlamentar.

Calheiros disse que sempre foi acusado sem provas e que, mesmo assim, respondeu às denúncias com documentos e colaborando com os trabalhos de investigação. ''Já enviei todos os documentos, sem excessão, todos'', disse o senador.

Calheiros negou que tenha sido proprietário de rádios ou que tenha se associado, de forma secreta, com qualquer pessoa. ''Nunca misturei o público com o privado, nunca possuí rádios e nunca fiz sociedade secreta com ninguém'', disse o senador.

O senador voltou a criticar as denúncias feitas pela revista Veja. ''São interesses políticos mesquinhos, paroquiais, embalados pelo lado pessoal, que giram a manivela da acusação fácil e irresponsável'', disse, salientando que as denúncias estão ligadas a adversários políticos regionais.

Calheiros afastou ainda desavenças dentro do Senado e disse que a tentativa de buscar atrtos entre ele e outros parlamentares não terá sucesso. ''Agora que a fragilidade começa a ficar em evidência, buscam criar mexericos, indispor-me com outros senadores'', disse Calheiros.

''Não vão conseguir, pois isso é uma prática anti-democrática e repulsiva. Só fiz amigos no Senado Federal. Desprezo qualquer forma de rancor e tenho profundo respeito por meus pares, sem exceção. Fiquem certos que não tenho alma para inquisidor. Não vão conseguir me indispor com ninguém'', completou.

O presidente afirmou ainda que ligou na manhã de hoje para a senadora Marisa Serrano (PSDB-MT), uma das relatoras do caso que investiga as denúncias de que Calheiros teria utilizado dinheiro de um lobista para pagar contas pessoais. Ele disse ainda que tem muito respeito por Jefferson Peres (PDT-AM) e pelo líder Agripino Maia (Democratas-RN).

''Tenho muito respeito por Jefferson Peres (PDT-AM). Nunca deixarei de reconhecer isso. Gostaria de repetir meu respeito também por (José) Agripino (Democratas-RN). Sou homem do diálogo, da concórdia'', disse.

Na última vez que Calheiros subiu à tribuna do Senado, o parlamentar chegou a discutir com Agripino.

Relatores

Os senadores Marisa Serrano e Renato Casagrande (PSB-ES) descartaram a possibilidade de relatar outro processo no Conselho de Ética contra Renan Calheiros sobre suposto benefício dado para a empresa de bebidas Schincariol. Almeida Lima (PMDB-SE), aliado do presidente da Casa, disse, por sua vez, que aceita relatar também o segundo caso.

Os três senadores relatam a primeira representação contra Calheiros, que investiga se ele tinha contas pessoais pagas por um lobista.

O presidente do Conselho de Ética, Leomar Quintailha (PMDB-TO), não confirmou, no entanto, que Almeida Lima ficará com o cargo. Quintanilha trabalhava para conseguir uma relatoria tríplice para ter senadores da oposição e da base aliada ao governo.

Além dessas duas representações, o Conselho de Ética deve receber nos próximos dias o processo referente ao suposto uso de laranjas por Calheiros para comprar emissorras de rádio em Alagoas. A mesa diretora julga essa representação, protocolada pelo PSDB e pelo Democratas, na próxima quinta-feira.

Fonte: Terra