Inácio defende política nacional de combate a desertificação

Em 2050, o semi-árido nordestino não mais existirá. Será simplesmente árido. O alerta, com base nas conclusões do 3º Relatório do Painel Intergovernamental de Mudança do Clima de 2007 (IPCC), da Organização das Nações Unidas (ONU), foi feito na semana pas

Fotos feitas por satélites e outras análises levam à previsão de que, em pouco mais de quatro décadas, o semi-árido pode se expandir em até 20%. O que significa, por exemplo, que mais de 80% do território baiano poderá virar um semideserto.


 


Há dez anos, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) aprovou a Resolução 238, com diretrizes para a implementação de uma política nacional de controle da desertificação. Desde então, porém, ainda que outras iniciativas do governo tenham sido tomadas, a política jamais foi delineada. O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), é autor do Projeto de Lei 70/07, que tem como objetivo preencher essa lacuna, repetindo iniciativa que tomou quando deputado.


 


A matéria pode ser votada nesta terça-feira (14) na Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA). O relator, Marconi Perillo (PSDB-GO), é favorável ao texto, que também conta com o apoio do governo federal, por meio da Coordenadoria Técnica do Plano de Ação Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (PAN-Brasil).


 



Políticas públicas insuficientes:


 


Inácio Arruda considera que as políticas públicas para as áreas agrícola, ambiental, macroeconômica e de expansão urbana, entre outras – até hoje ineficientes –, precisam considerar que a seca é um fator climático nas regiões sob risco de desertificação.  Ele entende que a política deve apoiar o desenvolvimento sustentável nas áreas afetadas, combater a pobreza e as desigualdades sociais, estimular o uso sustentável dos recursos naturais e conservar o meio ambiente. Na política, seriam importantes a participação das comunidades locais (inclusive na democratização do acesso à terra e à água), a cooperação entre órgãos governamentais e não-governamentais, bem como a integração entre ações locais, regionais e nacionais.


 


Na verdade, o drama da desertificação não se limita ao Nordeste, pois 33% da Terra sofrem hoje com o problema. Dados do INPE mostram que, até 2050, a desertificação e a salinização afetarão 50% das terras cultiváveis da América Latina e do Caribe. O processo torna improdutivos cerca de 60 mil km² de terras férteis mundiais por ano. As perdas econômicas anuais chegam a US$ 4 bilhões, com um custo de recuperação de US$ 10 bilhões por ano.


 


De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, as áreas suscetíveis à desertificação no Brasil somam 1.130.790,53 km² e estão localizadas no Nordeste, nas regiões climáticas semi-áridas (62,8%) e subúmidas secas (37,2%). Abrangem terras de 1.201 municípios do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e norte de Minas Gerais.


 


– A desertificação e a degradação da terra em áreas áridas, semi-áridas e subúmidas, estão relacionadas com a exploração inadequada e com a pobreza, afirma Inácio Arrudas, acrescentando que a fome e a migração alcançam dois terços da terra cultivável do mundo, onde residem [justamente] os mais pobres.


 



Recuperação


 


O coordenador do PAM Brasil, José Roberto Lima, explica que o semi-árido brasileiro, onde moram 32 milhões de pessoas, pode perfeitamente ser recuperado, pois, das regiões semi-áridas da Terra, trata-se do semi-árido com maior incidência de chuvas. Mas, para frear o processo que ameaça transformar em deserto o semi-árido, Lima calcula que serão necessários R$ 2 bilhões por ano, até 2020. O programa de combate à desertificação do governo, porém, conta com apenas R$ 12 milhões no Orçamento de 2007, mesmo assim graças a emendas da bancada nordestina no Congresso. Na proposta original, havia apenas R$ 1 milhão, suficiente para as despesas administrativas, e nada mais.


 


Mobilizar a sociedade e coordenar os esforços de todos os governos contra o fenômeno são estratégias essenciais, diz o representante do PAN-Brasil. Por isso, ele defende a aprovação de projeto de lei do senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) que prevê a criação de uma política nacional de combate à desertificação..


 


– É possível controlar o processo, mas é preciso um esforço institucional e mais recursos. Além de mais verbas orçamentárias, já iniciamos a captação de recursos externos junto a entidades da ONU, ao Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura e governos como o da Alemanha – informa Lima.


 
 
Fonte: Assessoria do Senador Inácio Arruda