Messias Pontes: Por que a mídia perdeu a credibilidade?

De há muito a mídia perdeu a credibilidade. Muitos se enganam por acreditar que somente nos últimos anos, notadamente na última década, os veículos de comunicação de massa – jornal, revista, rádio e televisão – passaram a manipular, omitir, deturpar, enga

Mas a grande mídia nunca deixou de ser tendenciosa. Afinal, sempre representou e defendeu os interesses da classe dominante porque a ela continua a pertencer. Além de elitista, a mídia sempre foi preconceituosa. Atores negros não trabalhavam na televisão no seu início. Personagens negras eram interpretados por atores e atrizes brancos que se pintavam com creme preto (falso negrume). Somente com o advento da imprensa alternativa e de fontes alternativas de informação é que o mito da imprensa-verdade, isenta, formadora de opinião foi enterrado. 


 



Essa mídia de hoje é a mesma que levou Getúlio Vargas ao suicídio há exatos 53 anos; é a mesma que tentou impedir a eleição e posse de Juscelino Kubitschek; é a mesma que tudo fez para que João Goulart não assumisse a presidência da República com a renúncia de Jânio Quadros; é a mesma que ajudou a derrubar Goulart com o golpe militar de 1º de abril de 1964; é a mesma , com honrosas exceções, que deu incondicional apoio aos militares golpistas responsáveis pela primeira grande tragédia brasileira do século XX, inclusive cedendo carros para levar democratas para a tortura nos porões da ditadura; é a mesma que ajudou a eleger e também apoiou incondicionalmente o Coisa Ruim durante os seus oito anos de desgoverno (1994 a 2002), responsável pela segunda maior tragédia do século no  Brasil.


 



Como o tempo é o senhor da razão, aos poucos o povo brasileiro foi percebendo de que lado estava a grande mídia. Hoje se vê mais claramente que essa mídia conservadora, preconceituosa, elitista, venal e golpista, nunca mostrou a senzala porque nunca saiu da  casa grande. O exemplo mais claro são as quatro últimas eleições presidenciais, em especial as duas últimas. Um retirante nordestino, ex-operário metalúrgico e além do mais sem formação acadêmica, é inaceitável para quem durante cinco séculos dominou, mandou e desmandou neste País. Daí essa elite não dar trégua ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.


 



Nos últimos quatro anos e meio o presidente Lula tem sido demonizado. Tudo de ruim que acontece no País, a culpa é do Lula. Até mesmo a dor de centenas de famílias que perderam seus entes queridos nos dois maiores desastres aéreos no País foi politizada para incriminar o Presidente. Só falta culpá-lo pelas enchentes no Sul e Sudeste e pelas secas no Nordeste. Ainda procuro entender por que não culparam o Lula pela queda da ponte sobre o rio Mississipi, nos Estados Unidos.


 



As vaias ao Presidente, orquestradas pelo direitista prefeito do Rio de Janeiro, César Maia, na abertura do PAN 2007, foram superdimensionadas pela mídia, e ainda hoje os jornalistas amestrados fazem referência ao fato, mesmo depois que foi mostrado um vídeo dos ensaios dois dias antes da abertura do evento. A deserção de três atletas cubanos – um jogador de handebol e dois pugilistas – ainda hoje ocupa o noticiário da grande mídia. Isto apesar de todos saberem que os pugilistas foram enganados pelo empresário alemão Ahmet Öner com promessas milionárias, e pediram para voltar. 


 



Os pugilistas Erislandy Lara e Guillermo Rigondeaux, depois de descobrirem que foram enganados, se apresentaram à Polícia Federal e lá disseram estar arrependidos e que queriam voltar para Cuba. O procurador da República, Leonardo Luiz de Figueiredo Costa, representante do Ministério Público Federal, conversou com os dois pugilistas sem a presença de policiais e ofereceu a possibilidade deles permanecerem no Brasil com um hábeas corpus. Ambos declararam que, por livre e espontânea vontade tinham decidido regressar ao seu País. 


 



Os jornalistas amestrados fizeram o maior alarde, afirmando que ambos seriam presos e torturados ao retornarem. Eles estão soltos e até recebidos com festas pela família. Como punição, terão de treinar adolescentes e cuidar de um ginásio esportivo, além de não mais participarem de competição internacional. Em artigo publicado na imprensa cubana, o presidente Fidel Castro afirmou que os desertores não serão presos, mas  comparou-os a soldados que abandonam seus companheiros durante um combate.


 



A mídia e a direita no Congresso Nacional acusam o governo Lula de ser conivente com o “ditador” Fidel Castro, tal a “celeridade da deportação” dos dois. Mas omitem que o atleta de handebol desertor continua em São Paulo com total liberdade, aguardando regularizar sua situação no País, assim como omitem a responsabilidade do governo paulista (tucano) pelo desastre causado pelo buraco do metrô que fez várias vítimas fatais. Outro buraco foi aberto podendo causar mais vítimas, mas os amestrados – alguns clientes da Daslu – fingem não ver.


 



Essa mesma mídia preconceituosa, conservadora, venal e golpista tentou passar para a população que o fracassado movimento “Cansei” era obra da sociedade que “cansou” dos desmandos do atual governo, por isso o “povo conclama o fora Lula”. Mas o povo percebeu logo que o tal movimento não passava de uma armação da nata da elite paulista – Febraban, FIESP, Associação Comercial e até dirigentes da empresas multinacionais como a Phillips. Daí o retundo fracasso. 


 



A pesquisa de opinião realizada depois dessa palhaçada pelo próprio DataFolha, para desespero da direita, confirma que a imagem do presidente Lula e do seu governo continua muito bem. Dos entrevistados, 48% consideram o presidente Lula ótimo e bom, e entre os que percebem até cinco salários mínimos, esse percentual sobre para 52%. O poodle das dondocas paulistas, empresário e jornalista amestrado João Dória Júnior, e o direitista presidente da OAB-São Paulo, Luiz D’Urso, estão inconformados.  


 



Por fim, a prisão do ex-deputado federal Lino Rossi (PP-MT) anteontem, em Brasília, por determinação da Justiça Federal, por seu envolvimento na máfia das sanguessugas, que toda a grande mídia omitiu o fato dele pertencer na época ao PSDB. Pela Internet circula um vídeo mostrando Lino Rossi ao lado do então ministro da Saúde José Serra entregando ambulâncias a uma Prefeitura de Mato Grosso.


 



Na ocasião, à frente do hoje governador paulista, Lino afirmou que “esta é uma ação do PSDB que quer levar a saúde aos lugares mais distantes”. Dos 90 parlamentares envolvidos com a máfia dos sanguessugas – que superfaturava as ambulâncias em até 110% e entregava muitas delas incompletas,  a grande maioria pertencia ao PSDB e ao PFL, hoje DEMO. Porém os amestrados simplesmente ignoram.


 



E ainda tem quem pergunte por que a mídia perdeu a credibilidade!


 


 


Messias Pontes é jornalista