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Em depoimento, Lyra revela não ter provas contra Renan

O corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), disse hoje que o usineiro João Lyra não apresentou na tarde desta quinta-feira documentos que comprovam a participação do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) na operação de compra de um grupo de comunicação em

Por telefone, Tuma fez um resumo do depoimento do empresário –que acusa Renan de ser seu sócio oculto para a compra de um grupo de comunicação por R$ 1,3 milhão, em Alagoas, por meio de laranjas.


 



Segundo o senador, Lyra entregou apenas um papel assinado por Renan, em nome do Senado Federal, sobre a renovação da concessão de uma das rádios que integram o grupo. Mas apresentou uma pasta com documentos de Tito Uchoa –que seria um dos supostos laranjas usados por Renan– que comprovariam o envolvimento do senador no esquema.


 



O usineiro alega que Uchoa era quem assinava os papéis da compra do grupo de comunicação em nome do presidente do Senado. Mas não entregou ao corregedor nenhum documento –além da autorização do Legislativo para a renovação de concessão da rádio– com a assinatura de Renan.


 



“Ele [Lyra] entregou uma pasta com documentos para comprovar o envolvimento do Tito Uchoa que, segundo ele, era o representante do Renan na sociedade. O Lyra afirma que eles negociaram as dívidas e que todos os documentos foram assinados, segundo ele, pelo Tito Uchoa”, explicou Tuma.



 


Lyra afirmou, no depoimento, que depois de desfazer a sociedade oculta com Renan o usineiro ficou com a administração da rádio “Correio”, enquanto ele, com o jornal do grupo de comunicação.


 



O corregedor disse que terá que ouvir Uchoa para apurar em detalhes as denúncias contra Renan. Tuma disse, porém, que o Uchoa está desaparecido, por isso ainda não marcou o depoimento do suposto laranja. “Ele é a pessoa que tem que ser ouvida ao lado do outro representante do senador [Carlos Santa Ritta, também apontado como laranja]”, disse.


 



Avaliação


 



Tuma evitou fazer avaliações sobre o depoimento do usineiro. Mas admitiu que a situação de Renan não é boa neste momento. “Fica uma situação bastante delicada”, afirmou.


 



O corregedor disse que Lyra não colocou à disposição da Corregedoria do Senado os seus sigilos bancário, fiscal e telefônico. O advogado do usineiro argumentou que seu cliente só vai apresentar seus dados se receber uma determinação judicial. Tuma disse, no entanto, que o usineiro está disposto a “apresentar todas as informações necessárias” às investigações do Senado.


 



Tuma vai ouvir, nesta sexta-feira, o depoimento de Luiz Carlos Barreto –que foi diretor-executivo do jornal adquirido supostamente por Lyra e Renan no período das denúncias. Em entrevista à TV Globo, o jornalista confirmou que, junto com o empresário Nazário Pimentel, vendeu as duas empresas para o presidente do Senado e para o usineiro.


 



Governador


 



Antes de ouvir o usineiro, Tuma almoçou com o governador Teotônio Vilela Filho –uma dos principais aliados de Renan. O presidente do Senado argumenta que Lyra decidiu revelar a suposta sociedade oculta com o uso de laranjas depois que apoiou Vilela nas eleições ao governo do Estado no ano passado. Lyra era o principal adversário do governador e saiu derrotado na disputa.


 



Ontem (15), em declarações a jornalistas, Renan Calheiros disse que acusou o usineiro de estar ressentido com a derrota eleitoral de 2006 e, por isso, o ataca com denúncias sem provas.


 



Renan também expôs a ficha suja de Lyra na Justiça. “Ele tem várias execuções da Receita Federal, é acusado de vários homicídios, inclusive de crime de mando, é uma pessoa que não merece uma resposta minha porque não tem nenhuma qualificação”, afirmou o presidente do Senado que aproveitou para cobrar a abertura dos sigilos fiscal e telefônico do usineiro.


 



João Lyra divulgou nota nesta quinta-feira (16) rebatendo as acusações de Renan e recebeu como resposta uma outra nota de Renan na qual o presidente do Senado diz que quem o acusou de crimes não foi ele e sim a Justiça Pública. “Escapou, até agora, pelo artifício da prescrição. E ameaçou o Juiz Marcelo Tadeu de morte. O pedido de proteção desse correto magistrado alagoano aos órgãos competentes fala por si só. O Procurador-geral da República mandou apurar esses fatos”.
(…)
“João Lyra dirá suas mentiras requentadas em depoimento que prestará, de forma unilateral e protegido por um séquito de bajuladores, caracterizando a questão local que quer transportar para o plano nacional. Se ele apresentasse o texto integral do documento que entregou à Revista Veja e abrisse os seus sigilos bancários e fiscais, como eu fiz espontaneamente, e comparecesse ao Conselho de Ética para ser inquirido como os demais, estaria desvendada trama que armou contra mim”, conclui a nota assinada por Renan Calheiros.



Da redação,
com agências