EUA: Regime trava batalha interna para pressionar Irã
Um alto funcionário do governo americano disse esta semana ao jornal New York Times, na condição de permanecer no anonimato, que a secretária de Estado, Condoleezza Rice, é a responsável da administração americana pelo atual plano de sancionar o Irã.
Publicado 16/08/2007 14:06
O funcionário informou que, no interior da administração Bush, Rice vem defendendo um tratamento diplomático da questão com o Irã. Entretanto, como não existe progresso algum na questão com esse país e sua intervenção no Iraque se considera cada vez maior, os “duros”, encabeçados pelo vice-presidente Dick Cheney, voltaram a clamar pelo emprego das forças armadas contra o Irã.
O New York Times assinala que Rice propôs incluir a Guarda Revolucionária Iraniana na lista de “organizações terroristas”, com pelo menos duas finalides: pacificar os “falcões” do governo e estimular Reino Unido e outros aliados para que apresentem uma resolução mais dura no Conselho de Segurança da ONU contra o Irã.
A informação indica, citando um diplomata da Europa, que Rice advertiu em suas recentes conversas com diplomatas europeus, de que se o Conselho de Segurança tardar em adotar ações para sancionar o Irã em maior medida, os EUA não terão outro remédio que inclinar-se a “agir unilateralmente”.
Desse modo, como revelou o alto funcionário americano, o mencionado plano poderá ser cancelado caso o Conselho de Segurança tome ações rápidas para aumentar as sanções ao Irã.
Um especialista teme que uma sanção unilateral tomada pelos EUA em relação à Guarda Revolucionária Iraniana complicaria ainda mais a solução para o problema nuclear.
Joseph Giorgione, especialista no problema de proliferação nuclear do Centro de Investigação do Progresso dos EUA, aponta que tal prática equivaleria a vincular o fim do programa nuclear do Irã com o fim do apoio ao Hezbolá ou ao Hamas, o que, pelo contrário, resultaria desfavorável à solução do problema nuclear do Irã.
Giorgione sublinha que uma sanção dessa natureza só poderia ser eficaz dentro do espectro dos esforços diplomáticos. “Todos nós desejamos apertar ao máximo o pescoço do Irã, mas devemos dar a eles uma saída”, pensa. Para o especialista, sancionar a Guarda Revolucionária faria com que a elite iraniana considerasse que os EUA desejam apenas subverter o seu sistema e que o diálogo com os americanos não teria sentido algum.