MST pretende arrecadar 150 mil livros até dezembro
O MST realiza campanha nacional de doação de livros à Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), localizada em Guararema (SP), e aos 60 centros de formação em assentamentos em todo o país, com a meta de arrecadar 150 mil unidades até o final do ano. A
Publicado 16/08/2007 18:36
“A doação de livros é um meio de crianças, jovens e adultos entrarem em contato com a cultura, um legado da humanidade. Isso vai garantir que os indivíduos tenham discernimento da realidade onde vivem, contribuindo no processo de formação e humanização. A educação é uma das facetas da transformação do sujeito e do próprio movimento”, afirma Regina Célia, do setor do educação do movimento.
A Campanha de Solidariedade às Bibliotecas do MST, com o lema “Apóie a Reforma Agrária. Doe livros!”, tem como patrono o crítico literário e professor aposentado da Universidade de São Paulo (USP), Antônio Cândido.
“O MST está promovendo uma campanha admirável para a elevação do nível cultural do trabalhador rural brasileiro. Essa elevação é fundamental para que ele possa reivindicar os seus direitos da melhor maneira possível, e para isso é indispensável que ele conte com instrumento de instrução, o principal dos quais é o livro”, analisa Cândido.
“Devemos fazer as doações ao MST porque os livros querem ser lidos pelos trabalhadores Sem Terra e porque os trabalhadores Sem Terra lutam para ser trabalhadores com terra e com livros também”, analisa o escritor Eduardo Galeano, que já contribuiu enviando uma coleção de seus livros publicados no país. O escritor Fernando Moraes também já doou uma coleção de livros.
Construção do conhecimento
As doações vão contribuir para a construção de bibliotecas populares nas áreas de assentamentos, acampamentos e também para a ampliação do acervo das coleções presentes em escolas e centros de formação. Além de livros, mapas e audiovisuais, incluindo filmes, discos e CDs, são alvos dessa jornada.
O MST aprendeu em mais de duas décadas de luta, que é preciso romper não apenas as cercas do latifúndio, mas também derrubar as barreiras que impedem o acesso ao conhecimento. A partir dessa lição, foram erguidas escolas itinerantes e mais de 2.500 escolas de ensino fundamental, para 160 mil crianças e adolescentes, além de cursos de educação de jovens e adultos, ensino médio e técnico.
Em 23 anos de história, mais de 22 mil camponeses se formaram no Movimento, somando cursos formais, informais e especialização. Mais de 50 mil pessoas já aprenderam a ler e escrever no MST. Atualmente, cinco mil jovens cursam graduação e pós-graduação por meio de convênios com universidades públicas em todas as regiões do país. Mais de 17.500 adultos estão em processo de alfabetização, que envolve a cada ano mais de dois mil educadores.
“A educação no MST surge como uma necessidade das famílias para organizar o seu espaço de convívio. É imprescindível na vida das pessoas que vivem em uma organização social, tanto para atender jovens e adultos expropriados do direito de estudar, como crianças que precisam de escolas”, explica Regina.
Fonte: MST