Debate no Dragão do Mar marca Dia Mundial da Fotografia
Hoje é o Dia Mundial da Fotografia. Para comemorar a data, curiosos, pesquisadores e profissionais debatem os rumos da fotografia em evento no Centro Dragão do Mar com bate-papo e exposição de varal fotográfico
Publicado 19/08/2007 15:47 | Editado 04/03/2020 16:37
A fotografia está em toda parte. Manipulada em softwares e explorada em álbuns virtuais, sites de relacionamento, nas ruas, nas lojas, nos museus, no porta-retrato, nas revistas, nos jornais, no cinema e na televisão.
Desde a popularização das câmeras digitais, nos idos dos anos 1990, a fotografia nunca mais foi a mesma. E hoje vemos imagens geradas também por celulares, scanners, satélites. Parece bastar um “click”. Parece. Por isso questiona-se: que consequências teria essa produção ilimitada de imagens fotográficas? Que possibilidades a fotografia tem como meio de expressão na atualidade? Aliás, o que é mesmo fotografia?! Hoje, 19 de agosto, é o Dia Mundial da Fotografia e não faltam motivos para pensá-la. Em Fortaleza, o palco das discussões será o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura com exposição de varal fotográfico, encontros e debates, promovidos pela empresa Imagem Brasil Fotoarquivo.
Segundo a organizadora do evento, Patrícia Veloso, o intuito é discutir a fotografia em suas diversas possibilidades de expressão, desde a inclusão no panorama de artes visuais, passando pelo uso publicitário, documental e pessoal ao fotojornalismo. A organizadora defende que é preciso cada vez mais despertar um olhar crítico e se “alfabetizar visualmente”. “A imagem tomou conta da vida da gente de uma forma que qualquer pessoa hoje é um fazedor de imagens”, acredita. Segundo ela, a urgência da contemporaneidade aumentou a necessidade de comunicação por meio de imagens. “Chegou a um ponto de você ir a uma palestra e o palestrante usar uma série de fotografias para explicar o que ele está falando em vez de textos”, diz. Se é bom ou ruim, Patrícia Veloso não sabe. “Só estou constatando um fato”, pondera.
Para o fotógrafo português João Palmeiro, a popularização do acesso à produção fotográfica, possibilitada pelo advento digital, faz parte da “evolução da fotografia”. “Hoje, graças à tecnologia e à automatização, pessoas sem formação técnica conseguem boas fotografias”, diz. “Antigamente, por conta das dificuldades técnicas era muito mais difícil. Muitas vezes nós perdíamos situações. Hoje a qualquer momento podemos captar uma imagem. Fotografamos sempre”, completa. Atuante no mercado publicitário português por mais de 20 anos, João trocou Lisboa por Fortaleza há cerca de dois anos para desenvolver um trabalho pessoal sobre o Ceará. E o mercado de foto publicitária? “É violento. Pelas obrigações, pelos prazos. É uma vida muito louca e no fundo não te proporciona outras possibilidades”, diz.
Para o fotógrafo cearense Igor Câmara, essa profusão de imagens fotográficas deve ser melhor ponderada. “Não adianta nada as pessoas terem acesso, se não têm controle e domínio sobre o que estão fazendo, sem idéia de construção da imagem”, diz. Para ele, o uso amador é importante, mas feito a partir de uma reflexão crítica sobre questões históricas, culturais e técnicas, para se ter uma produção minimamente criativa. “Ou então as pessoas vão repetir aquilo que a máquina está programada para fazer. As imagens serão sempre automáticas.
Fotografar não é só apertar um botão”, diz. Doutorando em Fotografia pela Universidad Complutense de Madrid, na Espanha, o fotógrafo costuma se cercar de questões envolvendo a fotografia contemporânea. Explorando uma tese sobre retratos fotográficos, ele defende uma fotografia cujos nortes perpassem os campos éticos e estéticos. “Eu sou a favor de uma diversidade grande, mas que seja acompanhada por uma preocupação com o rigor, com a pesquisa e com as questões mais essenciais que fazem parte do cotidiano e do mundo”, diz.
No evento comemorativo, as atividades começam sob o Planetário, a partir das 17 horas, com a montagem do varal que reúne mais de 40 fotografias assinadas por profissionais locais, nacionais e internacionais do acervo do Imagem Brasil.
Mais tarde, a partir das 20 horas, no auditório, haverá o bate-papo “O Fazer Fotográfico”, com o pesquisador e professor Silas de Paula, o fotógrafo português João Palmeiro, o fotógrafo cearense Igor Câmara, a estudante de comunicação Beatriz Sabóia e o editor de fotografia do jornal O POVO André Goldman. A discussão deve girar em torno das várias vertentes da fotografia, fazendo um contraponto entre as mais diversas áreas em que a fotografia é meio de expressão.
Fonte: Diário do Nordeste