Memória de Cego Aderaldo terá museu histórico

A memória cultural de Aderaldo Ferreira de Araújo, o Cego Aderaldo, uma das mais fortes e reconhecidas expressões da arte popular nordestina, se perpetuará oficialmente com a catalogação, tombamento e transformação de seu acervo pessoal em patrimônio públ

A divulgação foi feita pela presidenta da Fundação Cultural de Quixadá, Irisdalva de Almeida (Dadá). Ela informou que, na visita do Governo Itinerante de Cid Gomes a sua cidade, o secretário de Cultura do Estado, Auto Filho, lhe confidenciou que os recursos financeiros para a implantação do Memorial Cego Aderaldo estavam assegurados. Ela guardou segredo e após confirmação de que a dotação orçamentária está garantida, resolveu anunciar o projeto.


 


Do ponto de vista da articuladora cultural, a iniciativa consolida um avanço na valorização histórica de sua terra natal. Além da formação dos conselhos municipais de Cultura e de Preservação do Patrimônio Histórico, Artístico e Ambiental — que contam com a participação de especialistas como o pesquisador e escritor João Eudes Costa, o historiador Altemar Muniz e a historiógrafa Maria Prima — o Chalé da Pedra e o Museu de Quixadá, que recebe o nome do escultor Jacinto de Sousa, já foram tombados como patrimônios locais.


 


Quanto a Cego Aderaldo, o mito popular ainda está na memória do povo. A fama lhe sustenta o bordão, atribuído a quem tem a habilidade de respostas rápidas. Estátua em sua homenagem está na praça do terminal rodoviário de Quixadá. Mas receosos de que os modismos contemporâneos e o tempo se encarreguem de tanger sua obra para bem longe dali, à beira do esquecimento, o projeto elaborado pela Fundação Cultural de Quixadá foi encaminhado à apreciação da Secult e aprovado. A nora do cordelista também aprovou a idéia. Comentou Dada.


 


Diversas obras literárias, dentre elas “Eu sou Cego Aderaldo”, que tem prefácio da escritora Rachel de Queiroz, citam o talento de Aderaldo Ferreira de Araújo. Ainda criança, aos cinco anos, seu pai adoeceu e teve que trabalhar para ajudar no sustento da família. Ele perdeu a visão quando tinha 18 anos, 15 dias após a morte de seu pai, aos 25 de março de1896. Naquela época ele era maquinista da Estrada de Ferro de Baturité.


 


Cego e pobre, não tendo a quem recorrer, ele teve um sonho em versos. Foi quando descobriu o dom de cantador e de improvisar rimas. Logo ganhou uma viola de presente. Aprendeu a tocar e garantir novamente sua estabilidade para o sustento da mãe, que morreria pouco tempo depois. Sozinho, partiu sertão afora, cantando e ganhando por sua habilidade. Com o tempo sua fama foi aumentando, até que em 1914 se deu a famosa peleja com Zé Pretinho, o maior cantador do Piauí, cuja batalha de violas e rimas, transcrita pelo cordelista Firmino Teixeira do Amaral, lhe rendeu a consagração. Em suas andanças pelo País, conheceu Padre Cícero, Virgulino Lampião, que lhe presenteou com uma pistola, Do governador de São Paulo àquela época, Adhemar de Barros, com quem firmou boa amizade, ganhou um projetor cinematográfico. Ele passou a sobreviver durante algum tempo, fazendo exibições por diversos lugarejos.


 


Aderaldo Ferreira de Araújo, posteriormente consagrado como Cego Aderaldo, nasceu na cidade do Crato, aos 24 de junho de 1878. Mas foi em Quixadá que ele viveu a maior parte de sua vida. Quando adulto, se destacou pelo seu aguçado raciocínio na arte de improvisar rimas em cantoria de desafio e sua história de vida. Cego Aderaldo morreu aos 29 de junho de 1967, na cidade de Fortaleza, quando tinha 89 anos . O artista nunca casou, mas criou 24 filhos adotivos.


 


Mais informações:
Fundação Cultural de Quixadá
Rua José Jucá, 343, Praça da Cultura, Centro
(88) 3414 4682 / 3414 4681
cultura@quixada.ce.gov.br


 


 


Fonte: DN