Yeda demite 426 da Emater

Sem critérios, sem explicação, sem fundamentação, com menos de um ano de governo, a governadora demite 426 trabalhadores da ASCAR EMATER, empresa fundamental na assistência técnica e extensão rural em todo o interior do estado.

São 252 mil famílias de pequenos agricultores, agricultores familiares, pequenos produtores, pescadores artesanais, quilombolas e comunidades indígenas atendidos pelos extensionistas, que ou perdem a assistência, ou no mínimo, deixam de contar parcialmente com os serviços. A EMATER está presente em 485 municípios, e todo este trabalho custa ao estado apenas R$ 36,88/mês por família atendida. Ou seja, na relação custo/benefício, a fixação do trabalhador rural no campo e a produção dos alimentos gerada pela agricultura familiar supera, e muito, o investimento feito. Sem contar com a função social desempenhada pela empresa. São os extensionistas rurais que fazem em muitas cidades do interior, o trabalho de assistência social que os municípios não têm condições de oferecer. Mas a voracidade neoliberal do governo gaúcho não vê desta maneira.


 


Para o tucanato e seus apoiadores, cortar dois milhões de reais no custeio da EMATER é apenas uma operação contábil. Não por acaso, a secretaria de agricultura chama-se agora também do agronegócio. E seu investimento prioritário não é na produção de alimentos para o povo gaúcho. É para a silvicultura, para o latifúndio e para a monocultura de exportação.


 


Sem preocupação com a verdade e com a justiça social, a governadora, enquanto candidata, enviou uma carta aberta aos trabalhadores da ASCAR EMATER se comprometendo, caso eleita, com a empresa e o trabalho prestado, onde constava a seguinte declaração: “Estimularemos a capacitação dos servidores. Não haverá partidarização, nem listas de demissões”.  Estas e outras promessas, como a de aumento na oferta de serviços para o agricultor familiar, valorização dos trabalhadores, da própria instituição, foram rapidamente esquecidas.


 


A grande imprensa mente, dizendo que os trabalhadores demitidos são agentes administrativos, com altos salários e com idade avançada. Mentira. São trabalhadores em plena atividade, que trabalham direto com a clientela atendida, alguns com salários de 600 reais! E demitidos de forma desrespeitosa, como é o trato deste governo com o povo que o elegeu.


 


O Rio Grande do Sul precisa de desenvolvimento, sim. Mas desenvolvimento auto-sustentável, e que passa, entre outros deveres do estado, pela construção de políticas públicas para a agricultura familiar e pela dignidade de seus cidadãos. O povo gaúcho não quer ser vilipendiado pelas multinacionais da celulose, que exploram nossa mão-de-obra, roubam nossa água e devastam nosso campo.


 


Está na hora de avisar a governadora paulista que esta terra tem dono.


 


Por Regina Abrahão, diretora SEMAPI RS