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Lula: Brasil entrará no rol dos países que participam do G-8

Ao analisar a economia brasileira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstra tanta confiança que se arrisca a dizer: “O Brasil será uma economia pujante nesses próximos 15 anos. Estou convencido de que o Brasil entrará no rol dos países que partici

O presidente também tratou dos abalos na economia americana, desencadeada pela crise do setor mobiliário, e reiterou que o Brasil está imune. Temas como crescimento econômico, salários, desigualdades regionais e questões tributárias também foram tratados na coletiva. Confira abaixo um resumo com os principais depoimentos de Lula.


 


Crise Externa
“O Brasil vive uma situação que, em nenhum momento da nossa história, nós conseguimos viver. Um momento em que tem um conjunto de fatores, sobretudo no que diz respeito às políticas econômicas, combinando entre si, que permitem que a gente tenha uma crise como essa crise imobiliária americana, e o Brasil se mostra muito tranqüilo. Estamos convencidos de que, qualquer que seja a durabilidade dessa crise, ela não nos trará problemas. Aliás, é importante lembrar que, mesmo os analistas internacionais e o próprio presidente do FMI, que esteve comigo aqui, dizendo que se houver uma retração, como eles estão pensando, o que essa crise poderia implicar na economia brasileira seria na redução do PIB de 0,1%, ou seja, nada, praticamente. E isso se deve à robustez da economia brasileira. Nós monitoramos, todo santo dia, a entrada de dólares e a saída de dólares. Durante todo o período de crise, ter entrado mais dólares do que saído é uma coisa excepcional para os padrões brasileiros, em que qualquer susto na economia mundial, nós corríamos. Se vocês analisarem o que foi a crise asiática, o que foi a crise russa, vocês vão perceber que o FMI e os países mais ricos injetaram menos de US$ 200 bilhões na economia. Nesse caso, os Bancos Centrais europeu e americano já colocaram US$ 400 bilhões para ver se salvam os seus fundos de pensão, e a economia brasileira está tranqüila. E ela está tranqüila porque os empresários estão fazendo os investimentos, ela está tranqüila porque o emprego cresce de forma extraordinária no mercado brasileiro.”


 


Perspectivas
“Nós estamos nos preparando, porque eu estou convencido de que o Brasil será uma economia pujante nesses próximos 15 anos. Estou convencido de que o Brasil entrará no rol dos países que participam do G-8, do G-7, temos potencial para isso. Tem essa novidade extraordinária dos biocombustíveis que, na minha opinião, será inexorável. O mundo vai se subordinar aos biocombustíveis, é uma exigência do planeta, é uma exigência da humanidade que os carros sejam menos poluentes, que os combustíveis sejam menos poluentes,”


 


Crescimento econômico
“Nós estamos com um crescimento bom. Tenho dito ao longo desses últimos 12 meses que eu prefiro que a economia cresça 5% durante 15, 20, 10 anos, que seja um crescimento sustentável e que a gente não fique oscilando, um ano cresce 6, outro ano cresce 3. Eu acho que nós vamos ter um crescimento vigoroso, um crescimento que será um ciclo histórico neste país. Vocês viram o crescimento do comércio varejista no Brasil. É um crescimento chinês, o setor de máquinas agrícolas está crescendo, os bens de capital estão crescendo, e essa nossa tranqüilidade é porque não pararam os investimentos”.


 


Salários
“Os acordos salariais feitos entre trabalhadores e empresários têm melhorado muito. Mais de 86% dos acordos salariais estão sendo feitos acima da inflação, e 97% são feitos até a inflação, numa demonstração de que isso só acontece quando a economia está bem. Eu fui dirigente sindical durante muito tempo e tem uma coisa que a gente aprende nos cursos de sindicalismo: quando a economia vai mal, o trabalhador só perde. Quando a economia vai mal, o trabalhador não consegue fazer acordo com nenhuma vantagem. Vocês estão lembrados da famosa greve de 1980, em que a gente voltou a trabalhar depois de 41 dias, sem ganhar absolutamente nada porque as empresas estavam em crise – portanto, não tinham como dar reajuste?”.


 


Desigualdades regionais
“Eu estou convencido de que, no Brasil, nós precisamos caminhar de forma rápida para tornar a região Norte e a região Nordeste mais próximas do que são a região Sul e a região Sudeste. É preciso que a gente coloque a possibilidade da construção dos degraus de possibilidades sociais, de possibilidades de crescimento para que as duas regiões mais empobrecidas do país possam subir um degrau e conquistar a cidadania, e eu acho que isso vai acontecer. As pessoas, muitas vezes, ficam preocupadas porque o crescimento do Nordeste ou do Norte significa o não crescimento do Rio, de São Paulo ou de Minas Gerais. Pelo contrário, quanto mais crescer o Norte e o Nordeste, mais podem crescer São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, porque quanto mais consumidores a gente criar no Nordeste e no Norte do País, mais chance as empresas do Centro-Sul terão condições de produzir.


 


Comparação
“Eu estou convencido de que o momento é singular. Muitas vezes, as pessoas me falam: 'Mas o Brasil já cresceu 7% no governo Juscelino'. Cresceu com uma inflação de 23%. O Brasil cresceu 14% em 1973, e o salário mínimo diminuiu. O importante é que tenha uma combinação perfeita entre o crescimento econômico e a política de distribuição de renda, para que você possa fazer valer o crescimento econômico. Ele tem que crescer para todos e todos precisam viver disso. Os dados do Pnud e os da Pnad mostram o quê? Que a quantidade de gente que deixou a linha da pobreza e passou para outra classe social é muito grande no Brasil. Se a gente for analisar o que aconteceu na época do 'Milagre Brasileiro', na década de 60 e 70, a gente pensa: por que o Brasil não atingiu a renda per capita européia? É porque na verdade o Brasil crescia, mas não tinha nenhuma distribuição de renda. Quando terminou o regime militar, a gente começou a perceber que o que resultou para nós foi o pagamento de uma dívida externa monstruosa, e passamos 20 anos para que isso fosse resolvido. Hoje, vejam que engraçado, não devemos nada ao FMI, não devemos nada ao Clube de Paris e, portanto, hoje não precisa vir nenhuma delegação dar palpite na nossa economia. Nós conquistamos o direito de decidir o nosso destino”.


 


Reforma tributária
“Em abril de 2003, eu e 27 governadores de estado fomos ao Congresso Nacional entregar uma proposta de reforma tributária que foi feita por todos nós, juntos. Acontece que reforma tributária é como time de futebol. Cada um tem o seu. Reforma tributária, cada segmento empresarial tem a sua, cada deputado tem a sua, cada senador tem a sua, cada ser humano tem a sua. O importante é tentar encontrar um ponto de equilíbrio e que a gente tenha uma política tributária que faça justiça igual a todos os estados brasileiros. Na guerra fiscal, quem tem menos chance, por mais que participe da guerra fiscal, são os estados do Nordeste e do Norte do País. Por quê? Porque são estados que têm menos consumidores ainda, não têm um mercado consumidor muito grande. Nós agora estamos, no Congresso Nacional, com uma proposta de reforma tributária. Será, eu acho, votada este ano. A nossa disposição é votá-la junto com a DRU (Desvinculação das Receitas da União) e com a CPMF. Há concordância entre muitos dos secretários da Fazenda”.


 


Carga tributária
“Quando as pessoas falam do aumento da carga tributária, é importante a gente lembrar o seguinte: a carga tributária pode aumentar se você aumentar tarifas, se você aumentar o imposto, e ela pode aumentar se você aumentar a eficiência da arrecadação ou se a economia crescer e as empresas tiverem mais lucro. Esse é um dado concreto. Quando as pessoas falam 'a carga tributária foi 30, foi 34, foi 35% do PIB', é preciso ver ao mesmo tempo o balanço das empresas, para a gente perceber que elas ganharam muito mais dinheiro. E se elas ganharam muito mais dinheiro, elas terão que pagar mais imposto. O dado concreto é que no nosso governo nós não aumentamos imposto, não aumentamos tarifa. Agora, estamos aumentando a arrecadação, criamos a Super Receita, vinculamos a Previdência à Receita Federal, para que a gente possa melhorar a arrecadação brasileira”.


 


Mensalão
“Tentaram estigmatizar isso nas eleições e não conseguiram, até porque o povo percebe, com muita clareza, que, se existisse na história do Brasil governos que antes de mim fizessem 10% do que eu faço para combater a corrupção, quem sabe nós não tivéssemos corrupção no Brasil. Segundo, é importante lembrar o que está acontecendo. Por enquanto você não tem ninguém culpado e você não tem ninguém inocentado. Houve um processo na Câmara, que foi para o Ministério Público, do Ministério Público foi para o Supremo Tribunal Federal. Até agora, a decisão do Supremo é de que aceitou o indiciamento para fazer investigação. Agora é que vai começar o processo. Eu não dou palpite sobre decisão do Supremo Tribunal. Cada acusado tem advogado e cada acusado vai se defender. Eu acho que isso é importante, e eu espero que valha para quem foi indiciado, que valha para vocês da imprensa e que valha para mim. Os que foram indiciados, agora é que vão ter o direito de começar a se defender, de juntar provas. O importante é o seguinte: o meu governo será julgado pelas obras que nós realizarmos neste país até 2010. É isso, no fundo, no fundo, o que o povo vai ver. Certamente que, como nós temos muitos partidos políticos, temos gente que é contra, gente que é a favor, como também é normal na democracia, você vai sempre ter gente tentando jogar nas costas do governo a responsabilidade por tudo o que acontece no País”.


 


Pressão sobre o STF
“Um ministro da Suprema Corte ou um procurador-geral da República, e eu digo por mim, que alguém trabalhe porque a imprensa pressionou, trabalhe porque alguém pressionou. A Suprema Corte é uma instância que precisa ser preservada por todos, porque ela é a última garantia que todos nós, 190 milhões de brasileiros, temos de que a democracia será exercida na sua plenitude. Então, eu não acredito, sinceramente, eu não acredito que 50 manchetes de jornais ou 50 reportagens de televisão possam fazer pressão para que um ministro da Suprema Corte vote. Se isso aconteceu, eu posso te dizer então, que é preciso repensar o comportamento do ser humano. Eu não acredito que as pessoas trabalhem assim, porque eu não trabalho assim, e eu não acredito que a Suprema Corte possa trabalhar por causa de pressão, até porque ninguém na Suprema Corte precisa de voto. Eles não disputam eleição, eles não têm que prestar contas ali, eles foram indicados pelo presidente da República, aprovados pelo Senado e só saem de lá quando se aposentarem aos 70 anos idade. Portanto, a pressão não tem nenhum sentido”.


 


PT
“Então, eu fico perguntando o seguinte: você quer autocrítica maior do que já foi feita pelo Partido dos Trabalhadores? Você quer mais castigo do que as pessoas que estão envolvidas terem os seus nomes estampados nos jornais todos os dias, sendo inocentes ou não? Está estampado lá, vão ter que provar que são inocentes. O PT deu a resposta, na verdade, foi no PED, quando o PT conseguiu, no auge da crise, colocar 320 mil pessoas para votar, e deu a resposta nas eleições de outubro do ano passado. Agora, o que nós temos? Temos que esperar que a Justiça ande com o processo, que as pessoas se defendam. Certamente, muitos serão inocentes e a minha tese é de que os culpados paguem, os inocentes sejam absolvidos e a normalidade política do País continue. Certamente, se não fosse o governo Lula, isso não aconteceria, porque as pessoas no Brasil tinham o hábito de não permitir investigação, de não ir a fundo nas coisas”.


 


Relação Institucional
“Governar não é uma ação entre amigos. Eu trato os governadores do meu partido igual eu trato os governadores do PSDB, igual eu trato os do PTB, igual eu trato os do PDT. Não tem distinção, não é uma relação entre amigos. Na minha relação entre amigos é que eu posso convidar um para ir à minha casa jantar, mas na hora em que eu tenho que tratar da relação com os entes federativos, aí o que conta são os interesses do povo brasileiro e não os interesses desse ou daquele governador”.


 


Da Redação, com informações de O Povo