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Ministro é a favor da plantação de cana-de-açúcar na Amazônia

Áreas já degradadas da Amazônia e áreas de pastagens podem servir para o plantio de cana-de-açúcar, admitiu o ministro da agricultura, Reinold Stephanes, em audiência realizada nesta quarta-feira (12) pela Comissão da Amazônia da Câmara dos Deputados.

O ministro disse que quando declarou na imprensa que o País não permitiria o cultivo de cana-de-açúcar na Amazônia, a idéia era mostrar que nenhuma árvore seria derrubada para plantar cana. Porém, ele garantiu que a demanda por terras para a expansão do cultivo da cana será menor do que o total de áreas degradadas existentes no País.



Reinold Stephanes disse que o Brasil hoje conta com 840 milhões de hectares de área, da qual somente a metade pode ser usada para a agricultura. Mas são efetivamente usados somente 300 milhões de hectares, dos quais seis milhões são para plantação de cana, e desses, apenas três milhões para produção de álcool.



“Mostro com isso que até o uso das áreas degradadas é muito pequeno e que mais de 80% do aumento da produção de álcool está caminhando para as áreas de pastagens e é resultado do aumento da produtividade”, disse o ministro.



Ele citou como exemplo a cidade de São Paulo onde as áreas de pastagens têm cedido lugar para a plantação de cana e, mesmo assim, a produção de carne tem aumentado, o que, na avaliação do ministro, revela otimização do uso das áreas de pastagens.



Atitudes



O ministro disse ainda que o Brasil tem adotado duas atitudes: está produzindo um zoneamento nacional, que deve ficar pronto em junho do próxmo ano, e está estabelecendo um selo sócio-ambiental.



O zoneamento usa três tipos de conjuntos de mapas. “Um deles nos dirá onde poderemos plantar a cana. Outro, onde não deveremos plantar, será o mapa restritivo. E o terceiro, revelará, dentro das áreas aptas, onde gostaríamos de plantar”, explicou.



Sobre o selo sócio-ambiental, Stephanes esclareceu que será construída uma base de critérios, do ponto de vista social, trabalhista e do meio ambiente. As empresas que rigorosamente se enquadrarem neles serão candidatas a receberem o selo.



Longo caminho



Reinoldo Sthepanes lembrou que o Brasil tem um longo caminho a seguir com relação ao biodiesel e este caminho passa pela definição da matéria-prima ideal para a produção. “Hoje estamos produzindo entre 800 e 900 litros de biodisel a base de soja, mas com o aumento do preço da soja isso não será possível por muito tempo”, disse.



O ministro fez uma avaliação de cada uma das culturas hoje testadas para o biodiesel. Sobre a mamona disse que hoje ela só permite a produção de mil litros por hectare. Sobre o dendê, disse que é o mais viável economicamente, produzindo seis mil litros por hectare, mas a cultura só se adapta na Amazônia e no estado da Bahia, porque a acidez dela a restringe muito. O pinhão manso, foi considerada pelo ministro, uma planta muito promissora, pois tem farta variedade, mas ainda é pouco estudada.



“Sobre outras possibilidades, como canola, girassol, entre outras, contam com problemas que também ainda precisam ser estudados”, considerou.



Reinold Sthepanes destacou que o Brasil tem o melhor processo de produção agrícola e a melhor tecnologia e que pretende continuar nessa liderança. Ele informou também que encaminhará à Comissão da Amazônia um plano de desenvolvimento auto-sustentável da agricultura na região. O plano foi feito com a participação dos estados e está sendo debatido pelo Governo.
 


A presidente da Comissão, deputada Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), afirmou que o documento a ser enviado será de grande utilidade para o colegiado, que deverá realizar um simpósio sobre a Amazônia em outubro. Ela destacou que as políticas públicas precisam levar em conta que a Amazônia não é um território homogêneo, mas que possui diferentes biomas.



De Brasília
Bety Rita Ramos