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Ala anti-EUA abandona coalizão do governo do Iraque

O movimento político leal ao clérigo antiamericano Moqtada al-Sadr abandonou neste sábado (15) a Aliança Xiita que governa o Iraque. Com isso, a coalizão do primeiro-ministro Nuri al-Maliki fica em posição precária no Parlamento.

A iniciativa enfraquece a coalizão, que — mesmo antes da derrota — não conseguiu aprovar leis que pretendiam a reconciliação da maioria xiita com a minoria sunita. O governo de Maliki agora tem o apoio de cerca de metade dos 275 deputados iraquianos. Só existirá chance de sobrevivência caso mantenha o apoio de alguns deputados independentes.


 


“O comitê político declarou a saída do bloco Sadr da aliança, pois não há indicação visível de que as exigências do bloco Sadr estejam sendo cumpridas”, disse o movimento Sadr em nota divulgada na cidade sagrada xiita de Najaf. Um assessor de Maliki disse que o governo não comentaria imediatamente.


 


A decisão do movimento Sadr de abandonar a Aliança Xiita no Parlamento não foi uma surpresa. O líder do movimento já havia retirado seis de seus ministros do Gabinete em abril. Maliki ainda conta com o apoio de outros partidos xiitas islâmicos e dos dois principais partidos curdos do Parlamento. Até o momento, nenhum partido pediu um voto de desconfiança contra seu governo.


 


Sadr foi uma grande influência para que Maliki — que também é xiita — fosse indicado a primeiro-ministro em maio do ano passado. Seu bloco político sofreu várias derrotas nesse período, incluindo a recusa de Maliki de estabelecer um prazo para a retirada das forças dos Estados Unidos do Iraque. Nacionalista exaltado, Sadr liderou sua milícia armada Mehdi em dois levantes contra as forças dos Estados Unidos em 2004.


 


O governo de Maliki está paralisado por divisões internas. Além da saída dos ministros leais a Sadr, seis membros do ministério do bloco sunita também saíram do governo. Falando no Parlamento na segunda-feira, Maliki reconheceu que o termo “governo de unidade nacional” havia perdido o significado.


 


Dando indicações de uma futura reforma no ministério, ele disse que já era tempo de um “governo de parceria”, mas não entrou em detalhes. No dia seguinte, o movimento Sadr disse que estava considerando a saída da aliança, acusando-a de fracassar na questão de segurança e no progresso político.


 


As críticas ao governo de Maliki também vêem de Washington. O presidente George W. Bush, falando na quinta-feira, disse que ele teve limitado progresso, apesar do espaço oferecido pelas tropas norte-americanas e do melhor nível de segurança. Em relatório enviado ao Congresso, a Casa Branca afirmou na sexta-feira que os líderes iraquianos fizeram satisfatório progresso apenas em nove de 18 metas estabelecidas pela Casa Branca.