Manaus pode sofrer colapso energético

Sob a ameaça de um colapso energético nos próximos anos na capital amazonense, as Centrais Elétricas do Norte do Brasil (Eletronorte) precisam alocar em 2008 no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) R$ 738 milhões para serem aplicados no Programa

A Manaus Energia, subsidiária da empresa, só dispõe este ano de R$348 milhões para investir no parque térmico da cidade que necessita de ampliação e atualização tecnológica visando a chegada do gás natural do Urucu no próximo ano e da energia gerada através do Linhão de Tucuruí em 2010. Pelas contas da Eletronorte, além do valor disponível, a empresa necessitaria de R$ 681,16 milhões para esses investimentos e ainda R$ 56,84 milhões a serem aplicados na área de distribuição.



O problema foi apresentado pelo presidente da Eletronorte, Carlos Nascimento, à deputada Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) que defendeu a inclusão dos recursos no PAC. “Isso possibilitaria a empresa a fazer parcerias e não ficar somente na dependência do Orçamento, porém, devido a importância da mudança da matriz energética de Manaus, tenho a certeza de que os investimentos serão feitos a tempo”, disse a parlamentar.



Na condição de presidente da Comissão da Amazônia, Integração Nacional e Desenvolvimento Regional (CAINDR), a deputada afirmou que o colegiado fará um acompanhamento de perto do problema. Segundo ela, o setor elétrico tem sido uma preocupação constante da comissão que chegou a criar uma subcomissão destinada a estudar a situação, alternativas e soluções energéticas para a região Amazônica.



O programa de atendimento a Manaus está sendo debatido ainda no âmbito do Ministério das Minas e Energia (MME) e, assim que aprovado, deverá seguir para a Casa Civil antes que conste como prioridade do PAC. Ele leva em conta o atendimento a uma cidade que representa o quarto maior Produto Interno Bruto (PIB) municipal do Brasil e que apresenta taxa de crescimento em torno de 9% ao ano.



Investimentos



Para receber o gás natural transportado pelo gasoduto Coari-Manaus, previsto para chegar na capital em março de 2008, a Manaus Energia terá que contratar uma nova usina termelétrica bicombustível de 240 MW e transformar em bicombustível as 16 unidades geradores (287,5 MW) que receberá da El Paso em janeiro do próximo ano.



Também necessita fazer a atualização tecnológica de quatro unidades geradoras da UTE Aparecida e da Planta B, o que representa mais 152 MW. Além da reforma e ampliação de todas as unidades, deverá haver a contratação de nove subestações de 69 KW.



Já para receber a energia transportada através do linhão Tucuruí/Macapá/Manaus, uma obra de R$ 2,5 bilhões, a empresa terá que contratar novos sistemas de distribuição com quatro linhas de 240 MW.



De Brasília
Iram Alfaia