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Moscou lembra passado soviético em documentário americano

No verão de 1959, usando uma câmera portátil para retratar as vidas de cidadãos comuns em Moscou, o cineasta norte-americano D.A. Pennebaker fez seu primeiro documentário – Opening in Moscow. O filme  mostrou as ruas de paralelepípedos da ca

Quase meio século mais tarde, Pennebaker voltou à capital russa – agora totalmente mudada – para a estréia do histórico filme que ninguém quis ver em 1959. Mas os engarrafamentos, arranha-céus e outdoors da Moscou de hoje não escondem por completo os grandes marcos da paisagem moscovita que formam o pano de fundo de Opening in Moscow. “A coisa essencial que curti nesta cidade não mudou”, disse Pennebaker no sábado, durante o Festival de Cinema Americano em Moscou.


 


“As pessoas olham você diretamente nos olhos. Isso me pegou de surpresa na época, porque tinham me falado que a Rússia era como uma grande prisão e que todos aqui eram meus inimigos. Mas não foi o que senti”, conta o cineasta, cujo filme War Room documentou a eleição de Bill Clinton à Casa Branca em 1992.


 


Opening in Moscow é uma visão apolítica de russos que visitam uma feira cultural e comercial norte-americana. Eles saboreiam milho verde, chutam os pneus de um sedã Ford e fazem longas filas para tomar Pepsi em copos de papel. Pennebaker contou que percorreu Moscou filmando prédios, pessoas e o transporte público, achando que nos Estados Unidos as pessoas se interessariam por ver o que acontecia na Rússia.


 


“Mas ninguém quis ver o filme”, lembra o documentarista. “Acabei por guardá-lo numa caixa, onde ficou até agora. O filme nunca foi exibido até esta quarta-feira (26).” Pessoas do público que assistiu ao filme em Moscou disseram que o documentário é uma visão instigante da Rússia que estava redefinindo durante um período breve sob a chefia revisionista de Nikita Kruschev.


 


Para uma geração não acostumada à vida soviética e às características de um mundo sem comerciais, as ruas sem trânsito e a paisagem sem outdoors provocaram nostalgia. “A beleza de Moscou nos anos 1950 era visível”, comentou Daniel Solkhov, de 19 anos. “Se eu pudesse, preferiria ter vivido naquela época em vez de agora.”


 


Da Redação, com informações da Reuters