Movimentos sociais divulgam Lei Maria da Penha em Manaus

Para lembrar um ano de vigência da lei Maria da Penha, comemorado no último dia 22 de setembro, os movimentos sociais somaram forças para divulgar e obter respostas da população sobre o conhecimento q

A idéia, de iniciativa da União Brasileira de Mulheres (UBM-AM), consistiu em aplicar cerca de 500 questionários para obter uma amostragem sobre o conhecimento popular acerca da Lei, se o cidadão sabe que agredir uma mulher é um crime que incide em prisão para o agressor, se conhece o disque 180 e a existência das delegacias especializadas.


 


“Várias estão sendo as discussões sobre a Lei. Essa idéia é de informar a população, de que primeiro existe a lei; e segundo é saber qual é o grau de conhecimento. Porque é uma lei que existe no papel e não tem conhecimento da população, principalmente da mais carente”, comentou Vanja André, coordenadora regional da UBM.


 


A implementação da Maria da Penha é de responsabilidade do executivo, uma colaboração dos poderes municipais, estaduais e federal, que envia recursos para o cumprimento dos processos e para a prevenção da violência de gênero. No Amazonas, já existem casas-abrigo destinadas às vítimas de violência, atendimento psicológico e uma vara especializada para mulheres. O principal entrave enfrentado, segundo os movimentos de mulheres, é aumentar o número de delegacias especializadas, capacitar o quadro de profissionais que trabalham nos distritos policiais, melhorar o atendimento e a agilização dos processos que tramitam para coibir a violência doméstica e sexual.


 


A vereadora Lucia Antony (PCdoB) acrescentou dados de que 70% da violência contra a mulher é praticada por alguém que ela ama. “A mulher violentada perde a auto-estima. O agressor, além da vítima, também precisa ser tratado, porque filhos de pais violentos são mais violentos”.


 


O enfrentamento à violência doméstica à mulher já possui aspectos positivos, como afirma a presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher, Graça Prola. “No campo da prevenção e da informação, nós estamos trabalhando para irmos à periferia dos municípios fazer as oficinas populares. No âmbito da periferia, nós começamos a fazer uma espécie de plantão das mulheres que chegam a delegacia, que funciona com um anexo atrás. Estamos implantando na Cachoeirinha (bairro) um centro de referência – que será lançado até o dia 15 de outubro – e a casa abrigo, que não podemos divulgar o endereço por questões de segurança”.


 


Militantes da União Brasileira de Mulheres (UBM), União da Juventude Socialista (UJS), União Municipal dos Estudantes Secundaristas (UMEs) e União Nacional dos Estudantes (UNE) distribuíram exemplares da Lei no local de concentração.


 


Fala povo


 


Valcenir Peres, assistente administrativo



''Se as pessoas tivessem consciência da lei, todo mundo saberia respeitar uma mulher''.


 


Francisco Lima, militar reformado



''Eu não vivo esse problema, mas sei que deve ser coibido da melhor forma possível, porque a mulher é tudo na nossa vida e deve ser bem tratada''.


 


Yann Evanovich, estudante


 


''Como todas as leis que temos no Brasil o Estado tem dificuldades para implementar. Não adianta não ter aparato nas delegacias, não adianta aprovar a Lei sem oferecer recursos. A briga é de casal, mas o filho do casal mais tarde pode violentar a minha filha''.


 


Dados


 


– No Brasil a cada 4 (quatro) minutos uma mulher é agredida em seu próprio lar, por uma pessoa com quem mantém uma relação de afeto. 


– O Banco Mundial estima que uma em cinco mulheres no mundo já foram atacadas física ou sexualmente.


– Houve uma migração da zona vermelha de violência: da zona Sul para a zona Norte.



De Manaus,
Cinthia Guimarães