Platini adverte contra a nefasta marcantilização do futebol

De forma um tanto dramática, Platini apelou aos chefes de governos da França, Alemanha, Espanha, Itália, Holanda e Reino Unido para que prestem maior atenção à essência do esporte e ajudem a freiar a ameaça do dinheiro.

“Estamos ante o risco de entrar em uma era na qual somente os benefícios econômicos permitirão medir o êxito esportivo”, observou o ex-astro da seleção de futebol da França.

Platini argumentou que a distorção nos valores não está gerando uma resposta adequada por parte das instituições européias, que seguem sem reconhecer a natureza específica desse esporte e a necessidade de medidas que igualem as competições.

“O dinheiro sempre esteve presente no esporte e o futebol tem um componente profissional há quase 150 anos. Entretanto, obter lucros não é o principal objetivo do nosso esporte, a meta sempre foi conseguir títulos”, escreveu.

Platini referiu-se em tom crítico ao Tratado de Reforma da União Européia, “que não aprofunda-se suficientemente na defesa do futebol do mercantilismo que o acossa”.

Relembrou que nestes momentos há um clamor de milhões de torcedores no Velho Continente, que querem que o esporte seja defendido e transformado em um modelo esportivo, “baseado na solidariedade financeira com os mais desfavorecidos”.

“Somente vocês, líderes de governo, têm o poder para fortalecer a natureza específica do esporte nesse tratado. Seu compromisso de abordar esse assunto com os ministros é a única garantia de que se defenda a autonomia”, assinalou o dirigente da UEFA.

Platini também deu exemplos de que a atividade física em geral promove valores importantes na juventude, contra o doping, as drogas, o racismo e a favor do jogo limpo, ou “fair play”. “Os valores esportivos devem estar acima do dinheiro”, concluiu o ex-jogador francês.