PMDB é o 2º partido mais “infiel” ao governo em votações
Dono de cinco ministérios o PMDB é o segundo partido mais infiel ao governo no Senado. Neste ano, a sigla traiu o governo em 35,4% das votações polêmicas – só fica atrás do PDT (45,8%). Na oposição, o PSDB é o que mais vota contra o governo (95,8%),
Publicado 07/10/2007 21:22
No que tange à fidelidade partidária, o destino predileto para os deputados que decidiram aderir ao governo é PR e PTB. Somadas as siglas tem 80% de suas bancadas formadas por parlamentares que já trocaram de partido com o mandato em curso. O índice é o maior entre os partidos com representação no Congresso Nacional.
“Não tinha regra, então era possível. Se existisse lei proibindo ninguém teria mudado. Acho perigoso se adotar a ditadura dos partidos”, disse o líder do PR, Luciano Castro (RR).
O ranking do troca-troca lista na seqüência o nanico PSC, com 67%; o PSB tem índice de 56,7%; e o PP, de 54%. Na contramão, as siglas que agregam os deputados mais fiéis são o PT (10%) e o PCdoB (15,3%).
Contabilizado o número de trocas de partido enquanto se ocupava um cargo legislativo, um estudo fez um cruzamento com o tamanho atual das bancadas no Congresso Nacional.
Segundo o acervo da Câmara, desde 1995 foram registradas 854 migrações partidárias -média de 67 por ano. No primeiro mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-1998), foram 211. Na segunda gestão (1999-2002), 302. E no primeiro governo Lula (2003-2006), 291. A atual legislatura, que começou em fevereiro, contabiliza 50.
No total, dos 513 deputados em exercício na última sexta-feira, 223 (43,5%) já trocaram de legenda como parlamentar. O número de “infiéis” é ainda maior se levados em conta cargos majoritários (governador, prefeito, senador e presidente da República): 303 (59%).
Ou seja, caso a nova regra da Justiça Eleitoral que impôs a fidelidade partidária tivesse entrado em vigor no passado, teria atingido um número bem maior de parlamentares. A regra foi chancelada na semana passada pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Um grupo de 15 deputados corre o risco de perder o mandato.
Paraíso
Desde o primeiro mandato do governo Lula, PR e PTB são chamados de “paraíso” para quem foi eleito por uma sigla de oposição, mas acabava atraído à base do governo em busca de facilidades na liberação de verbas para emendas ao Orçamento e cargos públicos.
A emenda parlamentar é o caminho para o deputado “retribuir” os votos recebidos nas eleições com pequenas obras em seu reduto eleitoral.
“A cada quatro anos esses partidos saem fracos das urnas e engordam durante o mandato. São partidos cuja plataforma é ser governo”, disse o deputado federal José Carlos Aleluia (DEM-BA), integrante de um dos partidos que mais desidratou neste ano: elegeu 65 e hoje tem 59.