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Biografia de Edir Macer promete bater pesado na Globo

O pequeno documentário sobre Edir Macedo, que a Record vai exibir neste domingo (14), terá 35 minutos e, nele, o bispo deverá poupar de ataques a inimiga Rede Globo. No entanto, na sua biografia, O Bispo – A História Revelada de Edir Mace

O documentário se atém mais à sua prisão, ocorrida em maio de 1992, quando foi acusado de curandeirismo, charlatanismo e estelionato. Macedo acabou inocentado de todas as acusações.


 


Na biografia, o bispo relembra que a única equipe de jornalismo que estava presente no momento de sua prisão, no 91º DP, era justamente a Globo. E insinua –mas não acusa– que a emissora estaria por trás de sua prisão.


 


Quase tragédia


 


Por pouco a prisão não provocou uma tragédia. Os policiais civis tinham ordem de prendê-lo dentro da sede da Universal, onde 1.500 pessoas ouviam a pregação do bispo. Tiveram o bom senso de esperá-lo sair e o prenderam na região. Tiraram-no no BMW em que estava ao lado da mulher, Ester, e o levaram para o DP da Vila Leopoldina.


 


A prisão acabou virando um marco não só na vida de Macedo, mas na história da Igreja Universal. Do escândalo inicial, a prisão foi logo considerada injusta; a igreja passou a atrair fiéis em massa; houve mobilização popular diante do 91º DP (Vila Leopoldina) e o bispo passou a receber apoio de vários segmentos da sociedade, inclusive de políticos como Lula.


 


Onze dias e três pedidos de habeas corpus depois, foi solto. Graças a uma defesa jurídica considerada como perfeita, do advogado Marcio Thomaz Bastos. É essa história que será contada no Domingo Espetacular.


 


O líder religioso


 


Líder da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) e dono da Rede Record, o bispo Edir Macedo Bezerra, 62, que tinha uma postura defensiva em relação à imprensa, ultimamente mudou sua postura e está dando o que falar diante do barulho que a Record tem feito para abalar o império da Globo.


 


Sua atitude ''silenciosa'' teve início em 1995, quando a Globo exibiu Decadência -minissérie que retratava um pastor corrupto, um ataque ao mais barulhento dos evangélicos.


 


Neste ano, autorizou a biografia e o documentáriodo. Há duas semanas, apareceu ao lado de Luiz Inácio Lula da Silva, na inauguração da Record News, o primeiro canal de notícias aberto (e gratuito) do país.


 


Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo deste sábado (13), Macedo explica porque defende o aborto, bandeira que levantou durante a visita do papa ao Brasil, em maio. O líder também disse que aceitaria um filho homossexual e que é a favor do uso de embriões pela medicina. Além disso, ele reafirmou a sua crença de que um dia sua Record vencerá a Globo.


 


Aborto


 


Na entrevista ao jornal Edir Macedo enumerou cinco, dos muitos motivos que diz ter, para ser favorável ao aborto:


 


1) Muitas mulheres têm perdido a vida em clínicas de fundo de quintal. Se o aborto fosse legalizado, elas não correriam risco de morte;


2) O que é menos doloroso: aborto ou ter crianças vivendo como camundongos nos lixões de nossas cidades, sem infância, sem saúde, sem escola, sem alimentação e sem qualquer perspectiva de um futuro melhor? E o que dizer das comissionadas pelos traficantes de drogas?


3) A quem interessa uma multidão de crianças sem pais, sem amor e sem ninguém?


4) O que os que são contra o aborto têm feito pelas crianças abandonadas?


5) Por que a resistência ao planejamento familiar? Acredito, sim, que o aborto diminuiria em muito a violência no Brasil, haja vista não haver uma política séria voltada para a criançada.
 


A Biografia


 


O Bispo – A História Revelada de Edir Macedo tem formato de reportagem, o livro sai com uma tiragem recorde de 700 mil exemplares (o dobro do mais novo Harry Potter, por exemplo). Com 286 páginas, custa R$ 39,90.


 


O primeiro capítulo, que reconstitui a prisão em 1992, Macedo se dispôs a voltar ao distrito policial em que ficou detido durante 11 dias. No livro, ele explica porque ''comemora'' a prisão: os dias de cadeia representaram sofrimento mas também uma guinada de sua igreja. ''Eu sabia que a prisão me traria enormes benefícios. Sabe por quê? Porque eu era a vítima, e a vítima sempre ganha. Nunca o algoz.''


 


Segundo o redator-chefe da Folha, Ricardo Feltrin, a biografia ''pode não ter sido feita especificamente para os amantes da literatura, mas é um relato revelador de um dos personagens mais polêmicos e reclusos do país. Seu público-alvo é a massa popular, seja evangélica ou não. E esse público vai ser atingido em cheio'', destaca.


 


No entanto, o livro sai envolto em mistério. Por exigência da Larousse, nenhuma informação sobre o conteúdo da obra pode ser divulgada, sob pena de pesada multa. Tudo que por hora se sabe, é de que as páginas de Macedo não deixarão as manipulaçães da Globo passar em branco e que o bispo será ofensivo com relação a emissora. 


 


A Globo


 


O bispo rebateu na entrevista ao jornal as críticas de que a Record copia a Globo. ''O Hoje Em Dia copia o quê da Globo? E o Tudo a Ver? As novelas não são criações da Globo. Ela os copiou das mais antigas emissoras de TV e rádio. A antiga Rádio Nacional, Mayrink Veiga e outras mais tinham novelas e programas humorísticos. Portanto, dizer que copiamos a Globo é, no mínimo, falta de conhecimento histórico''.


 


E acrescenta, ''quanto à possibilidade de bater a concorrente, basta olhar o passado. Quando compramos a Record, ela estava à beira da falência. Naquela época, você perguntaria da possibilidade de batermos o SBT? Quem diria que a Gol compraria a Varig? Portanto, eu creio muito na nossa capacidade de vencê-los.''


 


O bispo reafirmou a tática da Record, já expressa em entrevista ao jonal no dia 27 de setembro, de ''cutucar o fígado'' da Globo até ela cair. ''Na luta contra Golias, Davi usou uma pedrinha. Numa luta de boxe, a desvantagem do menor pode tornar-se em vantagem. Nesse caso, a opção é ir batendo no fígado do maior'', explicou.


 


Porém, o empresário disse não ter ódio da emissora rival. ''Eu não tenho ódio de ninguém, senão do diabo e seus espíritos. Há mais de três décadas que não assisto à Globo. Apenas recebo informações de terceiros do seu trabalho. Até porque não sou idiota, como julgou seu diretor de jornalismo William Bonner aos que o vêem'', concluíu.