Tribuna de Debates: O papel da formação e as profecias de um materialista dialético (Tinoco Luna)

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Só quem já viveu momentos mais difíceis, poderá entender porque o Camarada Gilvan Paiva, resolvendo agora iniciar sua carreira de Profeta, escreveu um artigo para a Tribuna de Debates, fazendo com entusiasmo e eloqüência, previsões acerca do que dirão os historiadores daqui a algumas décadas, sobre o crescimento que o nosso PC do B está vivendo no estado do Ceará. Crescimento esse que é motivo de alegria para mim, para Gilvan, bem como para a gigantesca torcida do glorioso Ceará Sporting Club…


     


 


Ao ler “Os ventos da grande política chegaram. E agora PC do B?”, lembrei do dia em que lá no começo da década de 90, há mais ou menos uns quinze anos, o Camarada (com “C” maiúsculo”) Rodrigues ligou para mim e, eufórico, disse: “Tinoco, quero lhe comunicar que o partido acaba de dobrar a sua bancada de Vereadores no Ceará”. Aí eu disse como? E Rodrigues com sua voz bem impostada de mineiro e de barítono disse: “Um Vereador de Assaré acaba de filiar ao PC do B”. Foi aí que entendi: naquele tempo, eu era o único vereador do partido no estado, mas, agora um outro tinha se filiado…  É, Rodrigues tinha razão: a partir daquele momento passávamos a ter dois vereadores; a bancada acabava de aumentar em 100%; antes era um e agora eram dois. Viva o PC do B!


    


 


Esse fato simples, porém de certa importância histórica pelo menos para mim que o vivenciei, me veio à tona enquanto estava lendo as bem traçadas linhas que Gilvan colocou em seu artigo, nos informando que o partido, além de sete prefeitos, conta agora com mais de 40 vereadores.   A lembrança que esse fato despertou em mim já seria motivo de registro, mas, o que me motivou mesmo a escrever para a Tribuna de Debates, foi uma preocupação que veio junta, coisa que desejo expressar para todo o coletivo partidário, nesse importante momento em que se processa nossa Conferência Estadual: a necessidade urgente de investirmos pesado na formação desses novos camaradas que estão chegando ao partido, movidos pelo vento das espetaculares vitórias de Inácio Arruda, Chico Lopes e Lula Morais.


    


 


Com o pós-modernismo, vivemos um momento de intensa luta ideológica. Alegando um suposto fim das utopias, da história e das grandes narrativas, tentam desacreditar a ciência como fonte de verdade e a política como solução dos problemas humanos. O desestruturalismo previsto nas contraciências de Michel Foucault e Jaques Derrida, bem como o resgate da desconstrução em Nietzshe, dão margem ao excesso de realidade virtual e de concepções niilistas que produzem uma verdadeira onda de pessimismo e de práticas consumistas, cínicas e hedonistas.


    


 


Será o apocalipse? Não. Tudo isso não passa de uma bem arquitetada tática da reação mundial, no sentido de frear as idéias socialistas nesse momento em que o capitalismo parece “mais pra lá do que pra cá”. São as armas do novo arsenal do conservadorismo para a grande batalha que está só iniciando: uma luta renhida no campo das idéias, muito mais sangrenta do que qualquer outro tipo de enfrentamento com armas convencionais. Para se ter uma idéia disso, basta ver como tem se comportado a mídia nacional, na condição de um verdadeiro partido de direita e, se quando for preciso, de um verdadeiro exército reacionário, não tenham dúvidas disso. Lembram da RCTV cuja sede serviu de depósito de armas dos golpistas contra Chaves na Venezuela?


    


 


É preciso refletir sobre questões dessa natureza e dessa amplitude, nesse momento em que centenas de novas lideranças se filiam ao PC do B, colocando nosso partido no centro da grande política estadual. Esforços redobrados precisarão ser dispendidos no trabalho com a formação, no sentido de que os novos camaradas, sejam prefeitos ou vereadores, sindicalistas ou estudantes, se transformem de simples filiados em grandes militantes da causa revolucionária. Não nos esqueçamos de Lênin quando o grande líder bolchevique  nos avisava de que “sem teoria revolucionária não haveria revolução” e nem percamos de vista nosso horizonte maior, onde está nosso grande objetivo estratégico, que é a conquista do socialismo.   


    


 


Parabenizo o grande Gilvan pela metáfora do vento que ele usou para expressar o momento histórico que nosso partido vive no Ceará, porém, quero afirmar que o Camarada a quem devo a honra de ter sido recrutado para o partido, vai ficar me devendo royalties, pois esse “negóço” de vento é coisa do Aracati. Quer provar pergunte a Simeão lá de Camocim. 



                        
 



* O autor é Presidente do CM do PC do B em Aracati/CE, funcionário da Petrobras e Professor da Faculdade do Vale do Jaguaribe – FVJ.