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Boca-de-urna confirma vitória de Cristina Kirchner no 1º turno

Pelo menos quatro pesquisas de boca-de-urna divulgadas às 19h deste domingo (28) indicam a vitória da candidata governista Cristina Fernández de Kirchner em primeiro turno para presidente.

Segundo os levantamentos, feitos por redes locais de TV, Cristina fica com entre 42% e 46,7% dos votos, contra entre 22,7% e 25% da segunda colocada, a oposicionista e dirigente de centro-esquerda Elisa Carrió. O terceiro, ainda segundo as pesquisas de boca-de-urna seria o ex-ministro da Economia Roberto Lavagna. Mas os primeros números oficiais mostravam uma disputa entre Carrió e Lavagna pelo segundo lugar, com Lavagna à frente com 21,5% dos votos contra 18,4% de Carrió.



Para ganhar as eleições, os candidatos à Presidência deverão obter pelo menos 45% dos votos, ou 40%, com 10 pontos percentuais de diferença em relação ao segundo mais votado.



Atrasos e denúncias



Depois dos atrasos ocorridos no começo da votação durante a manhã, a Justiça Eleitoral argentina decidiu prorrogar o prazo final de votação na capital, Buenos Aires, de 18h para 19h locais (de 19h para 20h de Brasília). Além dos atrasos na capital, a votação foi marcada por suspeitas de fraude levantadas pelos quatro principais candidatos de oposição.



Os oposicionistas Alberto Rodríguez Saá e Ricardo López Murphy levantaram suspeitas sobre possíveis irregularidades que poderiam favorecer a candidata governista, Cristina de Kirchner, senadora e mulher do atual presidente, Néstor Kirchner.



As chapas oposicionistas também denunciaram a suposta falta de listas de candidatos (geralmente oposicionistas) em vários locais de votação do chamado ''conurbado'' da capital e de províncias como Córdoba e Neuquén, o que poderia induzir o voto dos eleitores.



Em entrevista a uma TV local, o diretor nacional eleitoral, Alejandro Tullio, minimizou esses incidentes. Segundo ele, tratam-se de falhas, mas não de irregularidades.


O ministro do Interior, Aníbal Fernández, também negou que a votação na Argentina tenha sofrido fraude por falta de cédulas eleitorais. Segundo ele, se faltaram cédulas, ''a responsabilidade é de cada partido que tem a tarefa de repor as cédulas quando vão terminando''. Em entrevista coletiva à imprensa, no centro de apuração dos votos, na sede dos Correios Argentinos, Fernández afirmou que ''a reposição e o controle das cédulas é de responsabilidade dos fiscais e dos delegados dos partidos''.



Em sua avaliação, as eleições gerais deste domingo ''são exemplares e uma das mais cristalinas da história da Argentina''.



Ainda assim, os candidatos mal posicionados nas pesquisas não economizaram críticas aos problemas na votação e cobraram a implementação do sistema eletrônico de votação.



O candidato oposicionista Ricardo López Murphy, quinto colocado nas pesquisas, que votou em Adrogué, na província de Buenos Aires, colocou sob suspeita o sistema eleitoral argentino. ''Essa demora é danosa. É estranho fazer uma eleição no século 21 com mecanismos do século 19, sem voto eletrônico'', disse o oposicionista.



Oitenta observadores internacionais de vários países estão na Argentina para fiscalizar a contagem dos votos.



Tumulto na votação de Carrió



Um policial desmaiou durante o empurra-empurra provocado por jornalistas depois do voto da candidata Elisa Carrió na Universidad del Salvador, na Recoleta, zona norte de Buenos Aires. Ele foi socorrido 15 minutos depois. Por conta da confusão e do empurra-empurra, a entrevista da candidata teve de ser interrompida. Antes, ela havia dito que vai aceitar o resultado das urnas e que, qualquer que seja, será ''uma vitória'' para a Coalizão Cívica.



O também oposicionista Roberto Lavagna, terceiro colocado nas pesquisas, votou no bairro de Saavedra e evitou falar de política. Disse apenas estar ''esperançoso''. O local onde ele votou também enfrentou problemas para iniciar a votação.



Casal Kirchner



O presidente Kirchner, cuja mulher, Cristina, é a candidata favorita para vencer já no primeiro turno, votou em Río Gallegos, a 2.700 km de Buenos Aires, na província sulista de Santa Cruz, sua base eleitoral.



Questionado sobre o que faria depois de deixar o governo, foi evasivo. ''Vou continuar trabalhando. A política me encanta.'' Ele não quis dizer se voltaria a tentar algum cargo em Santa Cruz.



O presidente destacou a ''normalidade institucional'' em que se desenvolvem as eleições e assegurou que ''tudo tende a melhorar'' em caso de vitória da candidata da Frente para a Vitória.



Cristina votou logo em seguida e também falou pouco. Ela teve uma recepção calorosa, saudou os cidadãos que esperavam para votar e aceitou posar para fotografias a pedido de alguns simpatizantes.


''Pertenço a uma geração que não pôde votar'', lembrou a candidata em relação à última ditadura (1976/83), acrescentando que ''é importante que na tranqüilidade da democracia os cidadãos possam decidir em que país querem viver''.



27,1 milhões votam



Os argentinos votam em mais de 70 mil mesas eleitorais em todo o país para escolher o seu próximo presidente e os governadores de oito províncias, além de renovar parte do Parlamento.



No total, cerca de 27,1 milhões de pessoas estão aptas para votar em uma das 14 chapas de presidente e vice-presidente.



Os argentinos elegerão ainda 130 deputados nacionais para renovar a metade do corpo legislativo e 24 senadores nacionais para substituir um terço dos integrantes da Câmara Alta, além de oito governadores provinciais, junto com 209 deputados e 63 senadores para nove províncias.



Os eleitores escolherão hoje os novos governadores das províncias de Buenos Aires —distrito eleitoral mais importante do país— Santa Cruz, Mendoza, La Pampa, Jujuy, Salta, Formosa e Misiones.


 


Da redação,
com agências