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Jandira Feghali critica visão de Sérgio Cabral sobre aborto e violência

A política de segurança genocida do governo do Rio de Janeiro, que continua a utilizar uma tática de guerra nas comunidades populares da cidade — às custas da morte de inocentes, inclusive crianças — ficou

Ela, que é relatora do projeto de lei que descriminaliza o aborto, disse que a legalização não pode ser usada para dizimar a população pobre. Para Jandira, e também para os profissionais da área de Saúde que militam pela causa, o aborto é um caso de saúde pública, de preservação da vida da mulher. Jamais uma estratégia para parar de produzir marginais, como sugeriu o governador.


 


 


 


Na visão de Sérgio Cabral, o aborto tem tudo a ver com violência e uma forma de acabar com ela é evitar que nasçam pobres. Vejamos exatamente o que ele disse: “Você pega o número de filhos por mãe na Lagoa Rodrigo de Freitas, Tijuca, Méier e Copacabana, é padrão sueco. Agora, pega na Rocinha. É padrão Zâmbia, Gabão. Isso é uma fábrica de produzir marginal. O Estado não dá conta. Não tem oferta da rede pública para que essas meninas possam interromper a gravidez”.


 


 


Ou seja, não basta mais só a polícia, que deixou um saldo de 44 mortes nas favelas do Complexo do Alemão e, agora, 12 mortos (entre eles, uma criança de 4 anos) na Favela da Coréia. Como argumento para a sua teoria, o governador usou o livro “Freakonomics” , dos norte-americanos Steven Levitt e Stephen J. Dubner, para os quais “a redução da violência nos EUA na década de 90 está intrinsecamente ligada à legalização do aborto em 1975 pela suprema corte americana”(sic).


 


 


Governador, a fábrica de produção de marginais é um Estado insensível ao fato de que, no Brasil, 27% da população adulta está desempregada ou subempregada, recebendo menos de um salário-mínimo. É um Estado que dá as costas aos 2,5 milhões de jovens que entram no mercado de trabalho todos os anos, sem que seja possível absorver a totalidade deles quando a economia cresce tão pouco. Um Estado que não enxerga que apenas um em cada três jovens na faixa etária de 15 a 17 anos tem acesso ao ensino médio. O imenso abismo social que vivemos hoje não se resolve com políticas de segurança violentas e muito menos com uma prática de genocídio dos pobres logo ao nascer.


 


 


Para diminuir as desigualdades Jandira defende o planejamento familiar acessível a todos e mais investimentos em aparelhos sociais. “Aborto não é método contraceptivo. Pobreza se combate com trabalho, renda e inclusão social, e não impedindo que pobre nasça. Controle demográfico por esterilização ou aborto nós já combatíamos na década de 60, em plena Ditadura Militar”, disse Jandira.


 


 


 


Fonte: Boletim eletrônico da Jandira