Campos vive dia de tensão na política: Garotinho x Mocaiber
De um lado, o ex-prefeito de Campos e o ex-governador Anthony Garotinho (PMDB). Do outro, pessoas ligadas à administração pública e defensores do atual prefeito Alexandre Mocaiber (PSB). Assim ficou Campos, no dia 30, que assistiu simultaneamente em frent
Publicado 31/10/2007 22:24 | Editado 04/03/2020 17:05
Vários trios elétricos, faixas de protesto, ruas interditadas, policiamento reforçado e tensão. Esse foi o cenário vivido pela população de Campos que temeu ver a cidade transformada em palco de guerra durante manifestação promovida por partidários de Garotinho que pediam o impeachment do prefeito Alexandre Mocaiber.
A Frente contra a Corrupção, nome dado ao movimento pela saída de Mocaiber, que convocou a manifestação, foi surpreendida dias antes pelo anúncio de uma outra manifestação na mesma data, hora e local feita por militantes do movimento GLBTT e jovens ligados à Prefeitura, que prometiam defender o governo municipal e atacar o seu ofensor, Garotinho.
Mesmo com a possibilidade de um possível conflito entre os manifestantes, nenhum dos grupos recuou. Enquanto manifestantes, liderados por Garotinho do alto de um trio elétrico, pediam “Fora Mocaiber” e relembravam denúncias de corrupção no atual governo, defensores de Mocaiber enterravam simbolicamente o ex-governador aos gritos de “Fora Garotinho” e rebatiam as denúncias de cima de um outro trio.
Cerca de 300 policiais militares, 120 homens da tropa de choque e 100 guardas municipais garantiram a segurança nas manifestações, que se encerraram somente ao anoitecer após a realização da sessão legislativa da Câmara.
Confusão
A sessão da Câmara dos Vereadores, marcada para às 17h, aconteceu enquanto os protestos ocorriam do lado de fora.
O presidente da Câmara, vereador Marcos Bacellar (PTdoB), determinou que todos os trios elétricos fossem desligados durante a sessão, em cumprimento da Lei do silêncio próximos aos prédios públicos. Os dois grupos políticos entraram em acordo com a Polícia Militar, desligaram o som e suspenderam os protestos até que se encerrasse a sessão legislativa.
Por volta das 18h, o deputado federal Geraldo Pudim (PMDB) descumpriu o acordo, subiu ao trio elétrico e reclamou que o direito de palavra de seu grupo estaria sendo cerceado. Imediatamente, o chefe da Polícia Militar, coronel Gelesi Vieira, acompanhado de cerca de dez policiais subiu ao trio e determinou o desligamento do som, causando um desentendimento com o deputado Geraldo Pudim e Garotinho, que questionaram a atitude da PM e discutiram com o coronel.
O impasse foi solucionado minutos depois com a chegada ao trio dos vereadores Edson Batista (PTB) e Nelson Nahim (PMDB) que informaram sobre o término da sessão. O coronel Gelesi Vieira evitou polemizar e minimizou o fato de ter dado ordem de prisão ao ex-governador Anthony Garotinho e ao deputado Geraldo Pudim por terem se recusado a desligar o som.
Pedido de impeachment na Câmara
Durante a sessão, foi apresentada uma denúncia protocolada pelo vice-prefeito Roberto Henriques (PMDB) contra o prefeito Alexandre Mocaiber solicitando a instauração de uma comissão processante para apurar o fato de que Mocaiber teria se afastado do município três vezes para viagens ao exterior sem comunicação prévia ao Poder Legislativo. O pedido foi rejeitado por 14 votos contra dois.
Também foi lido pedido de abertura de CPI assinado pelos vereadores Nahim e Batista, para apurar denúncias de corrupção na atual administração de Mocaiber. Antes de ser colocado em votação, o pedido vai ser encaminhado para análise do departamento jurídico da Câmara.