Especialista não vê corrida armamentista na América do Sul
O processo de aparelhamento das Forças Armadas nos países da América d Sul não representa uma nova corrida armamentista na região, disse hoje (16) o diretor do Centro de Estudos das Américas (Ceas), Clóvis Brigagão, na 4ª Conferência do Forte de
Publicado 16/11/2007 23:47
Segundo ele, a região não tem essa “síndrome”. Ele reconhece, no entanto, que o continente “pode vir a ter, porque a corrida depende de uma competição, no mínimo, entre dois elementos”.
O diretor do Ceas ressaltou que se existe essa disposição no presidente da Venezuela, Hugo Chávez. “Ele está correndo sozinho. Nós [o Brasil] não estamos correndo”.
Brigagão disse que há muito tempo as Forças Armadas brasileiras têm necessidade de renovar o armamento, dentro de uma visão de política integrada de defesa. “E não de política do Exército, da Marinha ou da Aeronáutica”.
Na avaliação dele, é preciso entender que se trata de um plano estratégico de defesa a partir da visão das necessidades reais do Brasil para enfrentar quaisquer ameaças de natureza terrestre, marítima ou aeroespacial.
“O Brasil, à medida que se insere cada vez mais no mundo, necessita fazer parte do concerto das necessidades de paz e segurança internacional. E o Brasil sempre responde com a presença em missões de paz”.
Para Brigagão, o aparelhamento das Forças Armadas não tem relação imediata com uma compra que esteja sendo feita de forma mais excessiva pelo governo da Venezuela, ou do Chile, ou da Colômbia.
Segundo ele, a adequação de uma nova política de defesa pelo Brasil está combinada com uma política externa e um processo de desenvolvimento brasileiro que prevê a inserção internacional do país.
O diretor do Ceas defendeu, ainda, a criação de uma política nacional integrada de defesa, que defina um orçamento integrado para as três pastas militares.
Energia nuclear
Na avaliação do diretor do CEAs, os países têm direito a desenvolver energia nuclear desde que a finalidade seja pacífica, como faz o Brasil dentro das garantias da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea).
Ontem (15), o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, manifestou sua intenção de também desenvolver a energia nuclear, seguindo o exemplo de países vizinhos da América do Sul, como o Brasil e a Argentina.
Ele atribuiu a uma conotação política à declaração ontem (15), na abertura do evento, do ministro da Defesa, Nelson Jobim, de que a descoberta de uma nova jazida de petróleo e gás na Bacia de Santos pode requerer o aumento da segurança no país, com o uso de submarinos nucleares para proteger essa riqueza.
Segundo Brigadão, isso justificaria, sob o ponto de vista político, a construção desse tipo de navio. “É até uma brincadeira [do ministro], porque um submarino não dá conta de um poço de petróleo tão grande. Menos ainda um submarino de propulsão nuclear vai dar conta de guardar a nossa costa marítima, que tem 25 mil quilômetros”.
Fonte: Agência Brasil