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Estudo mostra visão estereotipada do brasileiro em Portugal

Para o cidadão português, o brasileiro é um sujeito malandro, que não gosta de trabalhar, enquanto a brasileira tem sua imagem ligada à sensualidade e ao sexo. Essa visão estereotipada foi confirmada por um estudo realizado pela Universidade de Coimbra, c

Para Benalva da Silva Vitório, autora da pesquisa, “a brasileira é vista como menina de programa”. Segundo ela, essa imagem está relacionada às campanhas de turismo promovidas fora do Brasil. “Acredito que isso tenha começado por causa da Embratur, que vendia o Brasil como um lugar de praias bonitas e mulheres sensuais”, disse.



De acordo com a pesquisa, a imagem dos homens brasileiros também segue uma visão negativa. “Os homens são vistos como malandros, que fazem muito barulho e não cumprem compromissos”, disse a autora.



O estudo é resultado da tese de pós-doutorado da brasileira Benalva Vitório. O estudo foi publicado no livro “Imigração Brasileira em Portugal – Identidade e Perspectivas” lançado em Lisboa neste mês.



A pesquisa ouviu 50 brasileiros em cinco regiões de Portugal – Lisboa, Porto, Coimbra, Braga e Algarve. Além das entrevistas, a autora pesquisou artigos veiculados na imprensa portuguesa sobre os imigrantes brasileiros e outras formas de representação de brasileiros no país.



Novo perfil



A pesquisa aponta ainda uma mudança no perfil dos imigrantes brasileiros em Portugal a partir da década de 90, quando, segundo a autora, a instabilidade econômica gerada pelo Plano Collor provocou a ida de muitos brasileiros de classe média e alta para Portugal. “Foi a época dos dentistas, publicitários e informáticos”, exemplificou.



Segundo ela, atualmente o perfil é diferente. A maioria dos imigrantes brasileiros trabalha na construção civil, no comércio, em restaurantes e no serviço doméstico e em atividades que não exigem qualificação.



A maioria dos brasileiros ouvidos na pesquisa afirmou que estaria morando em Portugal por pouco tempo. “Eles vêm fazer um pé-de-meia e vivem com a idéia de voltar. Todos se dizem passageiros da chuva”, diz a autora.



De acordo com o estudo, os brasileiros que emigram para o país não conhecem a cultura portuguesa e pensam que, devido à língua, Portugal é como o Brasil.



Para Benalva, a falta de conhecimento dos brasileiros sobre Portugal se deve, em parte, ao ensino das escolas brasileiras. “Na escola, estuda-se até a independência. Passou de 7 de setembro de 1822, acabou. Não ensinam a geografia ou a história dos dois países”, afirmou a autora.



Ela conta que o primeiro choque cultural acontece ao chegar a Portugal, quando os imigrantes enfrentam as primeiras diferenças. Segundo a autora, muitos chegam sem noções básicas sobre a economia do país e sobre a tramitação necessária para se obter documentos.



“É muito difícil admitir que a idéia foi um erro, que não está dando certo. Por isso, os imigrantes se submetem a qualquer situação. Muitos vivem em condições mínimas de sobrevivência”, relatou Benalva.



Da redação, com informações da BBC