Presidente do TCE da Bahia nega participação em fraudes
O presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Antonio Honorato, negou mais uma vez, nesta segunda-feira (26/11), qualquer envolvimento com as fraudes investigadas pela Polícia Federal na “Operação Jaleco Branco”. Liberado ontem após prestar de
Publicado 26/11/2007 22:25 | Editado 04/03/2020 16:21
Demonstrando estar bastante chateado com a ação da PF, Honorato admitiu apenas que usou sua influência para ajudar um amigo a receber o pagamento de um serviço prestado à Secretaria da Saúde no governo passado. Segundo o acusado, esse amigo pediu que ele telefonasse para a Sesab em meados de 2006, porque o estado estava lhe devendo havia três meses e sabia que outros empresários estavam recebendo as faturas. “Então eu liguei primeiro para a Secretaria da Saúde que me mandou ligar para o secretário da Fazenda, pois dependia da liberação dele”. Esse amigo, de nome “Galdino”, é sócio de Clemilton Andrade, um dos integrantes do grupo de empresários investigado na Operação Octopus que participaria do esquema de fraudar licitações na Bahia há mais de dez anos.
O presidente do TCE prestou esclarecimentos ainda a PF de Brasília sobre uma conversa telefônica dele com o ex-deputado estadual pelo PFL, Cleraldo Andrade, também seu amigo. Nesse caso, Honorato fala sobre a doação de R$ 5 mil feita por Cleraldo para a campanha do filho do conselheiro, “Adolfinho” candidato derrotado a deputado estadual no ano passado. “A doação está registrada nas contas da campanha, tudo foi feito de forma legal”, ressaltou. Cleraldo é irmão de Clemilton Andrade.
Outros envolvidos
A procuradora da Universidade Federal da Bahia, Anna Guiomar Nascimento, também foi solta ontem. Os demais envolvidos continuam detidos em Brasília.
“Operação Jaleco Branco” começou no último dia 22 de novembro, quando policiais federais prenderam 16 pessoas em Salvador sob suspeita de participar de uma organização criminosa especializada em fraudar contratos e licitações públicas de secretarias e outros órgãos públicos. Segundo a Polícia, os acusados combinavam resultados de licitações e também cooptavam servidores públicos para que estes preparassem titulações que levassem o estado, o município ou a Universidade Federal da Bahia a contratações emergenciais.
Entre os detidos estavam, Antônio Honorato, ex-presidente da Assembléia Legislativa e atual presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE); Marcelo Guimarães, ex-presidente do Esporte Clube Bahia e ex-deputado estadual (PL-BA); Ana Guiomar, procuradora geral da Universidade Federal da Bahia (UFBA); Hélcio de Andrade Júnior, ex-diretor administrativo da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), Francisco Borges, ex-procurador do Estado. Também estão envolvidos servidores do INSS e da Receita Federal, além de funcionários da Secretaria do Estado e da Prefeitura, que participavam, principalmente, na emissão indevida de certidões negativas.
Segundo a PF, o esquema era composto por empresários do ramo de prestação de serviços, principalmente de conservação, limpeza e segurança, e atuava na Bahia em licitações federais, estaduais e municipais. Os crimes praticados contavam com a participação de servidores públicos de diversos órgãos. As investigações, que começaram em 2005, apontam superfaturamento de preço, formação de cartel e utilização de empresa de fachada. O esquema se beneficiava também de contratos emergenciais repletos de vícios. O prejuízo causado aos cofres públicos é de aproximadamente R$ 625 milhões.
Da redação local
com informações do jornal A Tarde